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EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA I — MÓDULO DE ESTUDO Nº I
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDIUNIDADE

Roteiro 2


Perispírito e princípio vital


Objetivos específicos: Relacionar as principais características, propriedades e funções do perispírito. Explicar a importância do perispírito nas comunicações mediúnicas.



SUBSÍDIOS


O estudo do perispírito representa um dos temas mais importantes para a compreensão dos fenômenos mediúnicos. A seguinte subdivisão facilita o entendimento do assunto.


1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PERISPÍRITO

  • O perispírito e o corpo físico originam-se no fluido cósmico universal

O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos (encarnados ou desencarnados), é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma […]. O corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. (7)

No perispírito, a transformação molecular opera diferentemente, porquanto, o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes. (7)

  • O perispírito é o envoltório fluídico do Espírito, sendo de natureza semimaterial

Para que o Espírito possa atuar no mundo espiritual, na categoria de desencarnado, ou no mundo físico, como encarnado, é-lhe indispensável revestir-se de um envoltório intermediário, de natureza fluídica. (5)

[…] É semimaterial esse envoltório; isto é, pertence à matéria pela sua origem e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal que, nessa circunstância, sofre modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível. (5)

  • Como se processa a ligação do perispírito ao corpo físico do encarnado

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen [ou zigoto] que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen [ou zigoto, em linguagem atual] se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união, nasce então o ser para a vida exterior. (6)

No processo de renascimento, é oportuno recordar que o útero representa um vaso anímico de elevado poder magnético ou um molde vivo destinado à fundição e refundição das formas, ao sopro criador da Bondade Divina, que, em toda parte, nos oferece recursos ao desenvolvimento para a Sabedoria e para o Amor. Esse vaso atraí a alma sequiosa de renascimento e que lhe é afim, reproduzindo-lhe o corpo denso, no tempo e no espaço, como a terra engole a semente para doar-lhe nova germinação, consoante os princípios que encerra. (15)

  • Como ocorre o desligamento do perispírito, na desencarnação

Por ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo. (11) Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo […]. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito. (6)

  • A natureza do perispírito

Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientais. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam conforme os mundos. (8) A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. […] Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos [encarnados]. […] Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio onde se encontram. Conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, o seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna […]. Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que […] se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. […] Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio […]. (10)

Os elementos formadores do perispírito participam ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais. (11) Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se torna geral. (12) Assim, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. (14)

  • O perispírito e o fluido vital

Há, na matéria orgânica, um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto. (1) Será o princípio vital alguma coisa particular, que tenha existência própria? Ou, integrado no sistema da unidade do elemento gerador, apenas será um estado especial, uma das modificações do fluido cósmico, pela qual este se torne o princípio da vida, como se torna luz, fogo, calor, eletricidade? (2) A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar. Mas, o efeito produzido por esse princípio sobre o estado molecular do corpo subsiste, mesmo depois dele extinto, como a carbonização da madeira subsiste à extinção do calor. (3) Tomamos para termo de comparação o calor que se desenvolve pelo movimento de uma roda, por ser um efeito vulgar, que todo mundo conhece, e mais fácil de compreender-se. Mais exato, no entanto, houvéramos sido, dizendo que, na combinação dos elementos para formarem os corpos orgânicos, desenvolve-se eletricidade. Os corpos orgânicos seriam, então, verdadeiras pilhas elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam de funcionar, quando tais condições desaparecem: é a morte. Segundo essa maneira de ver, o princípio vital não seria mais do que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa, quando da morte, por se extinguir tal ação. (4) No Plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo [vital] e multiforme, estuante e inestancável a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma. Esse fluido é o seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos com que não havia sonhado. (16)


2. PROPRIEDADES E FUNÇÕES DO PERISPÍRITO (17)


As principais propriedades do perispírito podem ser resumidas nas seguintes:

  • Plasticidade – refere-se às alterações morfológicas que ocorrem em função dos contínuos comandos mentais do Espírito. Em decorrência desta propriedade, o perispírito é capaz de expandir e exteriorizar-se nos fenômenos de desdobramento e doações fluídicas.

  • Densidade – é a propriedade que trata das medidas de peso (ponderabilidade) e de luminosidade (frequência vibratória mental), ambas relacionadas à evolução do Espírito.

  • Penetrabilidade – trata-se da capacidade de atravessar barreiras físicas, se presentes as necessárias condições mentais.

  • Visibilidade – o perispírito é normalmente invisível nos Espíritos encarnados; os desencarnados menos evoluídos percebem apenas o perispírito dos seus pares e dos Espíritos que lhe são inferiores. A visibilidade é, porém, comum, nos Espíritos Superiores.

  • Sensibilidade – é a propriedade de perceber sensações, sentimentos e emoções. Estas percepções não são captadas por meio de órgãos específicos, mas por todo o corpo perispiritual.

  • Bicorporeidade ou desdobramento – representa a propriedade em que o Espírito faz-se em dois, isto é, o corpo físico é visto em um local (geralmente dormindo em um leito) e o perispírito é visualizado em outro local.

  • Unicidade – significa dizer que cada pessoa traz no próprio períspirito a soma das suas conquistas evolutivas. Não há, portanto, dois perispíritos iguais.

  • Mutabilidade – é a propriedade que permite mudanças no períspirito em decorrência do processo evolutivo. A mutabilidade ocorre no que se refere à substância, à forma e à estrutura perispirituais.

As funções do perispírito podem ser sintetizadas em quatro: individualizadora, instrumental, organizadora e sustentadora. 1) A função individualizadora permite que o perispírito seja o elemento de ligação entre o Espírito e o corpo físico. 2) A função instrumental permite a interação do Espírito com os mundos espiritual e físico. 3) A função organizadora diz respeito ao papel de molde que o perispírito exerce, determinando as linhas morfológicas e hereditárias do corpo físico. Esta função garante a manifestação da lei de causa e efeito. 4) A função sustentadora, sob o impulso da mente espiritual, permite que o perispírito transfira, paulatinamente, a energia vital para o corpo físico, sustentando-o desde a formação até o seu completo desenvolvimento. Por meio desta função, o corpo físico tem garantida a vitalidade que o sustentará durante o tempo previsto para a reencarnação.


3. O PERISPÍRITO E AS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS


O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica ele é expansível, irradia para o exterior e forma em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar mais ou menos. Daí se segue que pessoas há que, sem estarem em contato corporal, podem achar-se em contato pelos seus perispíritos e permutar a seu mau grado impressões e, algumas vezes, pensamentos, por meio da intuição. (11) De maneira semelhante, os Espíritos se comunicam com os encarnados, através da mediunidade. O médium e o Espírito comunicante entram em contato, um com o outro, pelos respectivos perispíritos e trocam impressões e sentimentos. O perispírito também tem papel fundamental nas aparições vaporosas ou tangíveis. (12) Nas comunicações mediúnicas corriqueiras, o Espírito sofredor ou necessitado pode encontrar-se em patamar, moral e intelectual, inferior ao do médium que lhe transmite a mensagem. Nessa situação, entre o médium e o Espírito comunicante estabelece-se uma ligação de ordem fluídica, em que o médium, à semelhança de um enfermeiro, permite que o Espírito retrate e transmita aos circunstantes suas dores, seus sentimentos, suas dificuldades, seu grau de entendimento moral-intelectual. Essa ligação do Espírito com o médium e a manifestação consecutiva do seu estado – via perispíritos – só são possíveis com a aquiescência do médium, que atende à solicitação (consciente ou não) do Espírito comunicante.



Referências:

1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo X, item 16, p. 197.

2. Idem, ibidem - Item 17, p. 198.

3. Idem, ibidem - Item 18, p. 198-199.

4. Idem, ibidem - Item 19, p. 199.

5. Idem -  Capítulo XI, item 17, p. 213-214.

6. Idem, ibidem - Item 18, p. 214-215.

7. Idem -  Capítulo XIV, item 7, p. 277.

8. Idem, ibidem - Item 8, p. 277-278.

9. Idem, ibidem - Item 9, p. 278.

10. Idem, ibidem - Item 10, p. 279.

11. Idem -  O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questão 257, p. 166.

12. Idem, ibidem - p. 167.

13. Idem -  Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte (Manifestações dos Espíritos - caráter e consequências religiosas das manifestações dos Espíritos), Capítulo I (O perispírito como princípio das manifestações), item 11, p. 45.

14. Idem, ibidem - Item 12, p. 45.

15. XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu. Pelo Espírito André Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Capítulo 28 (Retorno), p. 229.

16. XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, Capítulo XIII (Alma e fluidos), item: Fluido vivo, p. 95-96.

17. ZIMMERMANN, Zalmino. Propriedades e Funções do Perispírito. 1. ed. Campinas [SP]: CEAK, 2000. Capítulo II (Propriedades do Perispírito), Capítulo III (Funções do Perispírito), p. 27 a 72.


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