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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO II — ENSINOS E PARÁBOLAS DE JESUS — PARTE I
Módulo II — Ensinos diretos de Jesus

Roteiro 7


Instruções aos discípulos


Objetivo: Fazer uma análise espírita das instruções dadas por  Jesus aos seus discípulos.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Jesus instrui os doze apóstolos a iniciar a difusão do seu Evangelho entre os judeus afastados do judaísmo, por insatisfação ou desilusão. Orienta-os a se manterem afastados dos samaritanos, considerados dissidentes do judaísmo, e dos gentios, politeístas por formação cultural.

  • Esclarece-os também que, por onde passarem, devem curar os doentes do corpo e do espírito, de forma gratuita, agindo sem discussões e desentendimentos, mas, ao contrário, pregando o Evangelho e anunciando o advento do reino dos céus num clima de paz e harmonia.



 

SUBSÍDIOS


1. Texto Evangélico

  • Jesus enviou estes doze e lhes ordenou dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vos a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Mateus, 10.5-14.

2. Interpretação do texto evangélico

  • Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5,6).

Na época de Jesus e em consequência das ideias acanhadas e materiais então em curso, tudo se circunscrevia e localizava. A casa de Israel era um pequeno povo; os gentios eram outros pequenos povos circunvizinhos. Hoje, as ideias se universalizam e espiritualizam. A luz nova não constitui privilégio de nenhuma nação; para ela não existem barreiras, tem o seu foco em toda a parte e todos os homens são irmãos. Mas, também, os gentios já não são um povo, são apenas uma opinião com que se topa em toda parte e da qual a verdade triunfa pouco a pouco, como do Paganismo triunfou o Cristianismo. Já não são combatidos com armas de guerra, mas com a força da ideia. (5)


Considerando, porém, a época, vemos que as instruções de Jesus aos seus discípulos foram claras: procurar as ovelhas perdidas da Casa de Israel, evitando os povos gentílicos. Que motivo justificava essa orientação específica? A resposta é simples: os seus discípulos não possuíam condições para lidar com as diferentes interpretações religiosas existentes, uma vez que conheciam, apenas, os ensinamentos da lei judaica. Eles, os discípulos, deveriam focalizar suas pregações aos irmãos de raça.

Importa considerar também que Jesus, de certa forma estava submetendo os seus discípulos a um teste, treinando-os para as futuras lutas que haveriam de passar na difusão do Cristianismo.


Durante algum tempo, os discípulos se dedicam ao aprendizado junto ao Mestre. Espíritos de alto progresso espiritual, fácil lhes fora assimilar as lições que Jesus lhes ministrava diariamente, não só pelas palavras, como também pelo exemplo. Fortificados pela fé que Jesus lhe acendera nos corações, estavam preparados para continuar a obra evangélica, que Jesus lhes confiaria. (6)


A missão dos doze apóstolos começa, pois, entre os próprios judeus, afastados do judaísmo (“ovelhas perdidas da casa de Israel”). O trabalho com os gentios (“as gentes”) caberia, em especial, ao apóstolo Paulo de Tarso, em época posterior.

Importa refletir um pouco mais sobre o sentido, de “ovelhas perdidas da casa de Israel”. de “caminho das gentes” e “cidade dos samaritanos” citados no texto evangélico. As ovelhas perdidas eram os judeus afastados do judaísmo; os caminhos das gentes são as comunidades gentílicas; cidade dos samaritanos é a Samaria, capital do reino dissidente de Israel.


Os israelitas eram, naturalmente, os indicados para primeiro receberem o Evangelho, dado ao longo preparo espiritual que a lei de Moisés os tinha submetido. Dirigindo-se a eles, os discípulos encontrariam um terreno propício à semeadura. (7)


A história nos relata que muitos judeus estavam insatisfeitos com os seus sacerdotes, marcadamente voltados para as práticas exteriores; com as intrigas religiosas existentes entre o clero e os membros do Sinédrio; com a servidão a Roma e os acordos políticos. Dessa forma, mantinham-se afastados das sinagogas. Existiam também os judeus que já não se contentavam com as práticas do judaísmo oficial, por julgá-las falsas, inadequadas ou sem sentido. Entre os últimos estavam os samaritanos, considerados dissidentes do judaísmo.


Após o cisma das dez tribos, Samaria [“cidade dos samaritanos”] se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. […] Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. (1)


Além do mais, os samaritanos somente “[…] admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados”. (2)

Havia, assim, profunda divergência religiosa entre os judeus ortodoxos que os consideravam heréticos. (1)

O “caminho das gentes” representam, no texto evangélico, a comunidade dos povos gentílicos que viviam próximos aos judeus. Considerados pagãos, eram politeístas por formação cultural.


Em muitas circunstâncias, prova Jesus que suas vistas não se circunscrevem ao povo judeu, mas que abrangem a Humanidade toda. Se, portanto, diz a seus apóstolos que não vão ter com os pagãos, não é que desdenhe da conversão deles, o que nada teria de caridoso; é que os judeus, que já acreditavam no Deus uno e esperavam o Messias, estavam preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, a lhes acolherem a palavra. Com os pagãos, onde até mesmo a base faltava, estava tudo por fazer e os apóstolos não se achavam ainda bastante esclarecidos para tão pesada tarefa. (4)


Extrapolando o sentido literal do texto, podemos dizer que as “ovelhas perdidas da casa de Israel” representavam as pessoas que, possuindo uma base de espiritualização, estavam perdidas porque não encontraram na religião que adotavam como norma de conduta, respostas às suas indagações íntimas e aos seus anseios de crescimento espiritual.

O “caminho das gentes” indica outro tipo de pessoas, situadas em oposição às “ovelhas perdidas da casa de Israel”: são os materialistas, descrentes por convicção ou por espírito de sistema. Encontram-se num estágio evolutivo onde as sensações da matéria lhes satisfazem o sentido e nada mais desejam. São pessoas que ainda não estão habilitadas à verdadeira transformação espiritual, por força do piso evolutivo em que se encontram. Entretanto, reconhecemos que entre estes podem surgir indivíduos decididos, dispostos a superar os limites impostos pela vida material.

A “cidade dos samaritanos” simboliza os discutidores religiosos, os dissidentes e os polêmicos. Vivem à parte, não se misturando com os que pensam de forma diferente. Entre eles, também, surgem os que impulsionam o progresso, que valorizam a união e a paz entre as criaturas.

  • E, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento (Mt 10.7-10).

Qualquer pregação tem o sentido de despertar, de atrair o interesse de quantos estão predispostos a ouvir. Com Jesus, a pregação manifesta-se, não só por palavras, mas principalmente pela irradiação de sua personalidade superior, e, sobretudo pelos exemplos que ele soube ilustrar.

“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios” revela o quadro de enfermidades existentes no mundo. Os imperativos “curai”, “limpai”, “ressuscitai” e “expulsai” indicam o tratamento que deve ser aplicado aos doentes, não esquecendo que a proposta de Jesus envolve, necessariamente, atendimento aos desajustados da alma e do corpo.

A capacidade de expulsar “demônios” começa com o esforço de assepsia mental, perseverante e paciente, da seleção dos próprios pensamentos. Lembramos, assim, a orientação de O Evangelho segundo o Espiritismo: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (3)

“De graça recebestes, de graça dai” indica que toda doação deve ser espontânea e sem exigência, não esperando qualquer tipo de recompensa ou agradecimento. Os condicionamentos aos padrões materiais do mundo nos fazem desejar receber algo em troca de benefícios concedidos, expressos sob a forma de valores amoedados ou mesmo de um simples “muito obrigado”.

O Mestre desvincula o trabalho espiritual de qualquer recompensa, seja financeira, seja de outra espécie, quando afirma: “Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos”. Os bens materiais são valores necessários ao contexto vivencial da Humanidade, no Plano físico. Por serem I imprescindíveis, deles necessitamos. O que pesa, na verdade, é o apego e a forma de utilização desses bens.

O verbo “possuir” apresenta conotação especial na frase. Ouro, prata, cobre, alparcatas, túnicas etc., são, em determinados momentos, perfeitamente dispensáveis, quando a necessidade que se revela é de natureza essencialmente espiritual.

Registra o livro Atos dos Apóstolos, 3.1-12, o episódio no qual Pedro e João são solicitados a auxiliar um coxo que, costumeiramente, era colocado na porta do templo para pedir esmola aos transeuntes. Consta que ao ver Pedro e João entrando no templo, o coxo lhes pediu uma esmola. Os apóstolos, porém, falaram ao necessitado que lhes olhassem nos olhos. Feita esta ligação, Pedro afirmou: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo seus pés e tornozelos se firmaram. E, saltando ele, pôs-se em pé.”

Percebe-se, na lição, que a mais importante necessidade do coxo era de natureza espiritual. Libertando-se daquele estado de limitação física pode, a partir daquele momento, cuidar da própria subsistência.

Existem, muitas vezes, preocupações exacerbadas, relacionadas ao suprimento de materiais em nossas tarefas. Entretanto, vem elas sendo atendidas, na medida do possível, sob o amparo superior. O suprimento material é necessário, mas o grande desafio é a presença de quem se dedica, com amor, sem o que a atividade se enfraquece.

“Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcatas, nem bordão”, são ideias que simbolizam os suprimentos dos viajantes em trânsito de um lugar para outro. Estar vestido, calçado ou ter apoio estratégico (“bordão”) é medida de prudência. Sem dúvida, necessitamos desses recursos, até pelo fato de estarmos integrados ao campo reencarnatório. Mas superestimar o ouro, a prata, o cobre ou investir em valores acima do que é justo e necessário é colocar em plano secundário o trabalho espiritual a ser desenvolvido.

“Porque digno é o operário do seu alimento” quer dizer que não se deve subtrair da prática do bem os recursos de subsistência material. O trabalhador (“operário”) recebe o seu pagamento (“alimento”) como consequência natural do seu labor. O serviço de caridade ao semelhante, porém, se opera no íntimo do coração e se expressa como um gesto de benevolência ao próximo. Tudo isso revela fundamentação sábia da matemática divina.

  • E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a… (Mt 10.11,12)

“E, em qualquer cidade ou aldeia”, Jesus mostra que não devemos ter preferência ou preocupação quanto ao local onde o bem deva ser realizado, pois em todos os lugares existem Espíritos necessitados: nos ambientes pobres ou nos prósperos, em pequenas ou grandes localidades. Da mesma forma, quando estamos identificados com a mensagem do Cristo, somos convocados a agir sem discriminações, nos colocando à disposição do próximo, segundo as determinações do Alto.

A “cidade” é constituída por aglomeração humana de certa importância, localizada numa área geográfica circunscrita, organizada e com infraestrutura essencial à sobrevivência e às facilidades da vida de seus habitantes. “Aldeia” é uma povoação de pequenas proporções, rural, menor que uma vila. Em geral, é local onde há construções simples e econômicas. O texto evangélico não discrimina o tamanho ou a qualidade do local, mas enfatiza a necessidade de nos mantermos filiados a pessoas dignas favorecendo, assim, a manutenção de plano vibratório elevado.

Se na dinamização e distribuição dos recursos espirituais somos convocados a sair de nós mesmos, na busca de solução e superação dos problemas que nos são inerentes, necessitamos, por outro lado, “entrar” território adentro da aldeia íntima, selecionando conceitos, pensamentos e tendências, sem prescindir da vigilância.

“Procurai saber quem nela seja digno”, mostra que cabe a cada um a iniciativa de selecionar padrões morais que garantam sintonia elevada. Esta seleção não implica a busca por privilégios, mas a nossa identificação com quem favoreça a manutenção do processo educativo, uma vez que, na categoria de aprendizes, somos também portadores de numerosas fraquezas e imperfeições. Em qualquer situação de trato com os semelhantes ou no exame de suas ações, é imperioso distinguir o que é digno, porque digno será aquele que se afirma no bem.

A expressão “e hospedai-vos aí”, implica a ideia de alojamento com infraestrutura mínima para se proteger das intempéries. Hospedar um viajante era um dever, um hábito existente na sociedade judaica, representando um ato de caridade. Implica igualmente em acomodar-se, estabelecer-se. Espiritualmente, expressa a permanência na pauta da cooperação. É, também, abrigar-se sob o teto dos pensamentos e atitudes dignas, com discernimento, perseverança e bom ânimo.

“Até que vos retireis” revela que a pessoa identificada com o Evangelho vive em constante dinâmica: auxiliando o próximo ou superando os problemas é lícito, imperioso mesmo, que procure novas experiências. Quando uma situação é resolvida, é preciso que se desligue dela, retendo apenas o aprendizado daí decorrente que, por sua vez, servirá de base para a vivência de novas experiências.

“E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a” indica entrar em relação ou sintonia com alguém. A sintonia será tanto maior quanto maiores forem os laços de simpatia. A palavra “casa” tem dois sentidos: o de habitação ou abrigo material, local de vivência comum; e o de casa mental, residência íntima em que nos abrigamos, ininterruptamente, todas as horas do dia.

Estamos sempre entrando e saindo da casa mental das pessoas: durante uma simples conversa, numa palestra, num estudo; na permuta de vibrações, ideias e sentimentos.

O “saudai-a” implica felicitar, testemunhar respeito, louvar o que se nota de positivo, de criativo ou de edificante nas pessoas. A saudação indicada por Jesus, extrapola as convenções sociais porque utiliza os ingredientes do amor e do respeito. Esta saudação pode simbolizar um bálsamo que alivia dores; um esclarecimento que elucida ou um apaziguamento que estimula a concórdia.

É de bom alvitre que, ao entrar na casa material ou na mental de alguém, tenhamos “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. É preciso enxergar o que é bom e ouvir o que é útil. Adotar a discrição ou silêncio ante as vibrações inferiores, porventura ali reinantes, é atestar sabedoria.

  • E, se a casa for digna, desça sobre e!n a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés (Mt 10.13,14).

O conceito de dignidade nos padrões do Evangelho extrapola as convenções sociais e as aparências. Deixa de ser uma condição que toca o exterior, atingindo assim, a intimidade do ser.

“Desça sobre ela a vossa paz”, na ação consequente da sintonia no bem, significa aquilo que desejamos para quem nos abriga ou nos auxilia. Há, neste sentido uma associação de vibrações, quando as ideias ou atitudes de uma pessoa encontram ressonância na outra. A paz não se traduz apenas como expressão de bons votos, ou de vibrações harmônicas, mas no trabalho efetivo e permanente da alegria de conviver.

“Mas, se não for digna”, explica o cultivo de ideias inferiores ou indignas em nossa casa mental, mantendo-a refratária aos valores espirituais. Mesmo como espíritas, ainda vivemos sob o impacto de recaídas quando, invigilantes, alimentamos “indignidades” e introduzimos desarmonias no psiquismo próprio e alheio.

“Torne para vós a vossa paz.” É da lei: a doação do bem produz recebimento do bem. Não existe na vida ganhos e perdas; há, sim, ação e reação, causa e efeito. As ações, boas ou más, voltam para nós, acrescidas das vibrações de natureza semelhante.

Ainda que bem-intencionados, não devemos menosprezar a ponderação no ato de ajudar, evitando nos guiar por impulsos ou emoções intempestivas. A ausência de esclarecimento e de controle emocional impõe restrições ao exercício da caridade. O benfeitor esclarecido sabe operar com humildade, sem exigências ou constrangimentos, garantindo, em quaisquer circunstâncias, a paz que cultiva nas bases do entendimento e da compreensão.

“E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras…”, mostra que nem todas as pessoas mantêm sintonia com as nossas ideias e atitudes. Não há motivos para atritos ou conflitos se alguém não nos recebe bem. A reencarnação explica os sentimentos de simpatia e antipatia existentes nos interrelacionamentos humanos. Exercitemos a capacidade de fixar as lições que as pessoas nos trazem, detendo o que é bom.

“Saindo daquela casa ou cidade”, revela que no terreno da comunicação humana atuam forças internas, irradiadas pelas próprias pessoas, e forças externas, provenientes do ambiente, bem como de outros personagens que se encontram fora do processo. Tais forças determinam as ações de atração e repulsão, aceitação ou rejeição de ideias e atitudes.

“Saindo da casa” implica, também, retirada física ou vibratória do ambiente. Isto é aconselhável quando as paixões são exacerbadas e existe o risco de conflitos desagregadores. Recuar e afastar, nesta situação, é medida de bom senso, ainda que se entenda que as melhores disposições de auxílio ou cooperação foram adiadas.

Há situações, porém, que o afastamento pode ser traduzido como “manter-se num compasso de espera”. Nem sempre as pessoas revelam condições para absorver um ensinamento. É preciso, pois, dar tempo ao tempo, a exemplo de como faz Jesus: permanece nos aguardando há milênios até que a maturidade espiritual nos alcance e estejamos prontos a aceitar o seu jugo.

“Sacudi o pó dos vossos pés” significa não guardar mágoas nem ressentimentos. É esquecer todas as lembranças infelizes, agindo com bom ânimo, empregando energias construtivas no trabalho de todos os dias, evitando compromissos ou vinculações com o mal.


Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem, entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de conduzir-nos a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós. (8)

Se alguém não reconheceu a tua boa vontade ou intenção, porque perder tempo com sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona problemas nem resolve conflitos. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente. (9)



ORIENTAÇÃO AO MONITOR: Analisar de forma dinâmica o texto evangélico, favorecendo a participação de todos.



Referências:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução 3, p. 41.

2. Idem, ibidem - p. 41-42.

3. Idem - Capítulo 17, item 4, p. 276.

4. Idem - Capítulo 24, item 9, p. 349.

5. Idem, ibidem - Item 10, p. 350.

6. RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, item: Os doze e sua missão, p. 83.

7. Idem, ibidem - p. 84.

8. XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 71 (Sacudir o pó), p. 157-158.

9. Idem, ibidem - p. 158.


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