O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Saudação do Natal — Autores diversos


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A ceia ecológica

1 Conversas sobre conversas
Por trás de assunto sem lógica
Disse-me Ilídio: “Amanhã
Vamos à ceia ecológica.
Você seguirá comigo?”
Pronto, assumi a promessa.
Ilídio é um bom amigo,
Mas que ceia será essa?
“Não deve seguir sozinho”,
Prosseguiu ele,
“Antes da ceia em caminho.”


2 No outro dia despertei
De ouvidos fenomenais
Estava escutando as pedras,
As plantas e os animais.


3 Ilídio veio buscar me
E, no carro em que seguia,
Notei que outro era o rumo
Além da periferia.


4 Desdobrando-se o caminho,
Vimos nós um casarão…
O amigo esclareceu:
“É a casa do tio Adão.”


5 Avançamos e nos vimos
Em meio de algumas roças
E notamos o barulho
De peões, carros, carroças…


6 Ilídio parou o carro e descemos,
Era um desfile esperado.
Animais vinham chegando
Seguindo por nosso lado.


7 Na frente vinha um cabrito
Gritando: “Morra o churrasco!…
Não desejo festa alguma,
Não quero ver o carrasco!…”


8 Num caminhão certa vaca
Mascava feno em restolho.
Dizia ao boi que a seguia:
“Meu velho, fique de olho.”


9 Ao lado vinham dois perus,
Um deles fala: “É demais.”
E o outro: “Eu também bebi,
Da cachaça do Moraes.”


10 Num caminhão, a galinha,
Cercada de frangos novos,
Prosava para a festança…
“Já dei os meus belos ovos.”


11 Grande fêmea de um suíno,
Seguindo frágil leitoa,
Rogava: “Não maltratem
Minha filha, que é tão boa…”


12 Dois coelhos numa gaiola
Cochichavam, entre si:
“Não fosse a corda no pé,
Sairíamos daqui.”


13 Num planalto assaz pequeno
O aroma de um cajueiro;
Lá longe ia a parada
Dominando o espaço inteiro.


14 No pátio, o chefão chegou
E passou a esfaquear,
A turma toda apavorada
Pôs-se a gemer e a gritar.


15 Vendo o sangue, emocionei-me;
Não podia ver aquilo,
Queria voltar à casa,
A fim de ficar tranquilo.


16 Fui a Ilídio e, com franqueza,
Não podia suportar,
Aquela cena de dor,
Queria a paz do meu lar.


17 Ilídio riu-se e falou:
“Cornélio, nunca supus
Que você fuja de festa
Para as obras de Jesus.”


18 E então, desorientado,
Fiquei sabendo, afinal,
Que a ceia da ecologia
Era a festa do Natal.


Cornélio Pires



(Versos recebidos em reunião do Centro Espírita Perseverança, dezembro de 1992, em São Paulo, Capital.)


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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