O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Opúsculos — F. C. Xavier/Waldo Vieira — Casimiro Cunha ©

(Texto extraído da 3ª edição desse livro — 1994.)

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Juca Lambisca

PARA VOCÊS

Meus filhos, não somos peixes
E a comida não é isca.
Leiamos juntos a história
Do pobre Juca Lambisca.

Casimiro Cunha

Uberaba, 17 de maio de 1961.



1 — A VINDA DE JUCA n


1 Rabugento e malcriado,
Esperto como faísca,
Era um menino guloso
O nosso Juca Lambisca.


2 Toda hora na despensa,
Pé macio e mão ligeira,
O maroto parecia
Um rato na prateleira.


3 No instante das refeições,
Afligindo os próprios pais,
Ele comia depressa
Repetindo: — Quero mais!


4 Gritava: — Quero mais peixe!
Quero mais leite e mais pão!
Quero mais sopa no prato,
Mais arroz e mais feijão!


5 D. Nicota falava,
Ao vê-lo sobre o pudim:
— Meu filho, escute! Você
Não deve comer assim.


6 Mas o Juca respondão
Gritava, erguendo a colher:
— A senhora nada sabe;
Eu como quanto eu quiser.


7 Na escola, Juca furtava
Pastéis, bananas, pepinos,
Tomando à força a merenda
Das mãos dos outros meninos.


8 A vida do nosso Juca
Era comer e comer…
Mas foi ficando pesado,
E a barriguinha a crescer…


9 Gabriela, a companheira
Da cozinha e do quintal,
Falava, triste: — Ah! meu Juca,
A sua vida vai mal!


10 Não valiam bons conselhos
Do papai ou da vovó,
Fugia de todo estudo,
Queria a panela só…


11 Espíritos benfeitores,
No lar em prece, ao seu lado,
Preveniam, caridosos:
— Meu filho, tenha cuidado.


12 Mas, depois das orações,
O nosso Juca, sem fé,
Comia restos de prato
Na terrina ou no cuité.


13 A todo instante aumentava
A grande comedoria,
Sujava a cozinha e a copa,
Procurando papa fria.


14 Um dia, caiu doente,
E o doutor João do Sobrado
Receitou: — Este garoto
Precisa comer regrado.


15 Mas alta noite ele foge…
E, mais tarde, a Gabriela
Viu que o Juca estava morto
Debruçado na gamela.


16 Muito triste o caso dele…
Coitado? Embora gordinho,
O Juca morreu cansado
De tanto comer toucinho.


Casimiro Cunha



2 — A VOLTA DE JUCA n


1 Desencarnado, o Lambisca,
Na vida espiritual,
Estava do mesmo jeito
E o barrigão tal e qual.


2 Acorda num campo lindo …
E agora, que não mais dorme,
Vê muita gente a sorrir
Por vê-lo de pança enorme.


3 Tem a impressão de trazer
O peso de um grande bumbo.
Quer levantar-se, porém
A pança cai como chumbo.


4 Juca xinga nomes feios…
Faz birra, choro e escarcéu
E pede com gritaria:
— Eu quero subir ao Céu!


5 Deu-lhe as mãos e disse: — Filho,
Levante-se, cale e ande…
Ninguém sobe à Luz Divina
Com barriga assim tão grande…


6 Mas o Juca, revoltado,
Ergue os punhos pesadões
Contra tudo e contra todos,
A murros e pescoções.


7 Depois berra: — Esta barriga
É grandona, mas é minha!
Eu quero comer no tacho,
Quero morar na cozinha!


8 Multidões surgem a ver
O menino barulhento.
E o Juca, com pontapés,
Aumentava o movimento.


9 Um sábio aparece e fala:
— O Lambisca não regula,
Enlouqueceu de repente
De tanto cair na gula.


10 Foi preciso, então, prendê-lo…
Amarrado e furioso,
O pequeno parecia
Um cachorrinho raivoso.


11 Os Protetores, após.
Guardá-lo em corda segura,
Oravam, dando-lhe passes,
Com bondade e com doçura…


12 Viu-se logo o olhar do Juca
Fazer-se brando, mais brando…
O menino foi dormindo
E a barriga foi murchando…


13 Os amigos decidiram,
Assim como um grande povo,
Que o Juca a fim de curar-se
Devia nascer de novo.


14 Lambisca a dormir, coitado,
Ele — tão forte e mandão,
Renasceu, muito pequeno,
Um simples bebê chorão.


15 E para esquecer a gula
Cresceu doente e magrinho…
Só bebia caldo leve,
Sem feijão e sem toucinho.


Casimiro Cunha



Anexo da Editora  n


EM AUXÍLIO À CRIANÇA


  1 Dentro das tarefas que o Espiritismo nos impõe, uma delas avulta pela importância e significação com que se destaca no presente para a garantia do futuro de nosso trabalho regenerativo e santificante.
2 Referimo-nos à imprescindível assistência espiritual que a criança exige de nós, a fim de que não estejamos descuidados no erguimento das colunas vivas do Reino do Senhor, na Terra.
3 Não levantaremos um edifício, sem assegurar a firmeza dos alicerces.
4 Não escreveremos um livro, sem antes penetrar o sentido do alfabeto.
5 Não chegaremos a produzir uma sinfonia, sem abordar os segredos primários das notas simples.
6 Não colheremos em seara feliz, sem sacrifícios na sementeira.
7 Como esperar o aprimoramento da humanidade, sem a melhoria do homem, e como aguardar o homem renovado sem o amparo à criança?
8 O menino de agora dominará depois.
9 Na urna do coração infantil, reside a decifração dos inquietantes enigmas da felicidade sobre o mundo.
10 Façamos de nossos templos de fé espírita-cristã não somente santuários de socorro às aflições e aos problemas da experiência humana, mas também lares de adestramento espiritual, com vistas à plantação do bem, onde nossos filhos encontrem a primeira escola de comunhão com o Senhor e com o próximo.
11 A recuperação da mente infantil para o equilíbrio da vida planetária é trabalho urgente e inadiável, que devemos executar, se nos propomos alcançar o porvir com a verdadeira regeneração.
12 Na criança, ergue-se o amanhã.
13 Talvez, por isso mesmo, à frente da multidão aflita, proclamou o nosso Divino Mestre:
— Deixai vir a mim os pequeninos… ( † )
14 Dirijamo-nos para o Cristo, conduzindo conosco os tenros corações das criancinhas e, mais cedo que possamos esperar, a Terra encontrará o caminho glorioso da paz imperecível.


Emmanuel



[1] Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.


[2] Página recebida pelo médium Waldo Vieira.


[3] Texto publicado nas revistas Reformador, outubro 1953, p. 229 e Brasil espírita, janeiro 1953, p. 4, com a diferença na expressão experiência humana do indicador 10, para madureza humana, que consideramos inadequada no parágrafo citado.


Texto extraído da 3ª edição desse livro.


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