O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


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A pátria é realmente o nosso lar dilatado

31/01/1951


1 Meu prezado Aurélio, meus filhos, Deus nos abençoe.
Volto hoje a falar-lhes para que nos amemos em pensamento, nos dois Planos, na abençoada comunhão espiritual da prece, a fim de que a paz e a ordem sejam preservadas.

2 Assistimos hoje a solenidades de renovação política das mais importantes no país! Permitam os poderes superiores não venhamos a sofrer qualquer influência menos construtiva em nosso edifício democrático, não consolidado ainda. Rogo a vocês desculparem a divulgação, entretanto, o interesse de todos é igualmente o nosso e não posso perder a oportunidade de transmitir ao nosso caro Aurélio e à nossa querida lulinha os meus paternais pensamentos.

3 De volta, compreendemos que a pátria é realmente o nosso lar dilatado e sempre vivo no tempo. Não julguem que os nossos ideais, em matéria de benefício comum e educação pública, possam fenecer além do túmulo. A Terra é o nosso reduto multimilenário de santas experiências e quantos de seus filhos que as desenvolvem no conhecimento ou na virtude a ela retornam mais cedo ou mais tarde para a continuação do serviço que lhe devemos! É assim que nos movemos além de vocês, orientados em superiores propósitos de resgatar os nossos velhos débitos!

4 Hoje o Brasil entra em nova fase e, se bem renovados na configuração exterior, os homens de agora são quase os mesmos que iniciaram a primeira República. Pudéssemos instilar-lhes na vida íntima noções mais amplas de responsabilidade e realização, e teríamos resolvido magnos problemas! Entretanto, é indispensável aproveitarmos os talentos que possuímos, a fim de algo edificar a bem de todos. 5 Não podemos menosprezar aqueles que o Senhor nos confiou ao caminho e, por isso, com o máximo respeito aos títulos que ostentam e às boas intenções que os animam, ergamos ao Mestre os nossos pensamentos em oração para que lhes não falte assistência na missão que lhes cabe desempenhar. Esperemos o futuro confiantes, apesar das nuvens que se amontoam. 6 Graças a Deus, porém, a justiça é hoje um órgão avançado na vida internacional e não será fácil solaparmos as prerrogativas como povo em crescimento. Ajudemos àqueles que nos orientam na esfera material, com a projeção dos novos recursos mentais da simpatia e de auxílio.

7 Aproveitando a minha visita desta noite, meu caro Aurélio, desejo pedir a você não se preocupar em demasia com as minhas referências à posição da Cruz, que nos é tão respeitável, nesta hora de lutas e reajustamentos. Indubitavelmente, os clérigos, hoje ou amanhã, evocarão para si o comando das nossas energias econômicas. Certamente, o conflito se estabelecerá, mas lutaremos nós ambos de algum modo para desfazer o serviço escuso da intriga e da coação. 8 Não me dirijo a você com espírito de imediatismo nesse caso, mas sim apenas com o intuito de ajudar antes para não remediar depois. Devo afirmar-lhe, contudo, que a intenção dos padres é a de se apoderarem do patrimônio substancioso das ordens, a título de garantia da fé religiosa para se valerem do produto dos nossos esforços de muitos anos e, nesse sentido, se fortalecerem com bastante precisão perante os magistrados. Infelizmente, não dispomos de forças civis capazes de conjurar o perigo definitivamente. 9 O medo e a ambição desmedida dominam a muitos e, em verdade, o panorama político não é suficientemente encorajador. Mas o futuro promete uma grande voz nos serviços de libertação. Aguardemo-lo. Achamo-nos diante de um mundo que se modifica a passos gigantescos! 10 Recuperaremos, no círculo da luta, os bens morais que jazem ofuscados em quase toda a parte. Um eclipse da consciência que passará mais tarde quando o sol da verdade e do amor fulgurar sobre os corações. E essa nova era não vem longe! Auxiliemos o Brasil a pensar e o nosso povo saberá agir acertadamente! Peço, pois, a você não se preocupe e nem se aflija. Somos soldados. As ordens dos gabinetes “de cima” far-se-ão ouvidas no momento oportuno!

11 Alguns amigos se encontram aqui e saúdam a vocês todos, salientando o nosso velho companheiro General Pedro Augusto Bittencourt, que se acha de passagem, na minha companhia. n

12 Há continentes ilimitados de trabalho à nossa espera. É preciso agir muito para algo fazer. As nossas atividades e movimentos devem produzir, pelo menos, um pouco de bem para aumentar o acervo de bênçãos que Jesus nos confia.

13 Abraço à nossa Julinha, carinhosamente, desejando-lhe felizes sucessos na sua cooperação valiosa na obra de amparo aos cegos.

14 Minha filha, muitos são os amigos que lhe assistem o concurso desinteressado. Lembre-se de que você, neste trabalho, está conquistando um mérito digno de ser procurado com as nossas melhores forças do coração. Não estranhe a minha letra e o meu modo menos tranquilo de vazar as ideias no papel. Tenho estado em serviços que, de alguma sorte, me alteraram as manifestações políticas. Sinto-me, porém, tão forte como nos meus mais belos tempos de resistência moral diante das provas redentoras! Louvado seja Deus!

15 Aos meus netos, hipoteco o meu carinho e o meu reconhecimento pela tolerância e amizade que me dispensam.

16 Meu caro Aurélio, a sua mamãe prossegue vigilante ao seu lado. Não há motivos para preocupações com as dificuldades orgânicas do momento. Esperamos que o fenômeno gástrico desapareça sem qualquer marca desagradável.

17 Reunindo você e Julinha no meu paternal e carinhoso abraço, sou o velho companheiro de luta e ideal a postos para servi-los na posição de amigo fiel,


Pêgo Junior



[1] Nota da Organizadora: Sobre a entidade espiritual, General Pedro Augusto Bittencourt, não nos foram dadas maiores informações.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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