O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Analogias de circuitos

(Sumário)

1. VELOCIDADE ELÉTRICA. — Estudemos ainda alguns problemas primários da eletricidade para compreendermos com segurança os problemas do intercâmbio mediúnico.

2 Sabemos que a velocidade na expansão dos impulsos elétricos é semelhante à da luz, ou 300.000 quilômetros por segundo.

3 Fácil entender, assim, que se estendermos um condutor, qual o fio de cobre, numa extensão de 300.000 quilômetros, e se numa das extremidades injetarmos certa quantidade de elétrons livres, um segundo após a mesma quantidade de elétrons livres verterá da extremidade oposta. 4 Entretanto, devemos considerar que a velocidade dos elétrons depende dos recursos imanentes da pressão elétrica e da resistência elétrica do elemento condutor, como acontece à velocidade de uma corrente líquida que depende da pressão aplicada e da resistência do encanamento.


2. CONTINUIDADE DE CORRENTES. — Compara-se vulgarmente a circulação da corrente elétrica num circuito fechado, na base do gerador e dos recursos que encerram a aparelhagem utilizada, ao curso da água em determinado setor de canalização.

2 Se sustentarmos uma pressão contínua sobre o montante líquido, com o auxílio de uma bomba, a linha colateral da artéria circulatória será traspassada sempre pela mesma quantidade de água, no mesmo espaço de tempo, 3 e se alimentarmos um circuito elétrico, através de um gerador, em regime de uniformidade, o grau de intensidade da corrente será constante, em cada setor do mesmo circuito.

4 Acontece que reduzida quantidade de elétrons produz correntes de força quase imperceptíveis, 5 à maneira de apenas algumas gotas d’água que, arrojadas ao bojo do encanamento, não conseguem formar senão curso fraco e imperfeito.

6 Assim como se faz necessária uma corrente líquida, em circulação e massa constantes, 7 é imperioso se façam cargas de bilhões de elétrons, por segundo, para que se mantenha a produção de correntes elétricas de valores contínuos.


3. EXPRESSÕES DE ANALOGIA. — Aplicando os conceitos expendidos atrás, aos nossos estudos da mediunidade, recordemos a analogia existente entre os circuitos hidráulico, elétrico e mediúnico nas seguintes expressões:

2 a) Curso d’água — fluxo elétrico — corrente mediúnica.

3 b) Pressão hidráulica — diferença de potencial elétrico, determinando harmonia — sintonia psíquica.

4 c) Obstáculos na intimidade do encanamento — resistência elétrica do circuito, através dos condutores — inibições ou desatenções do médium, dificultando o equilíbrio no circuito mediúnico.

5 d) Para que o curso d’água apresente pressão hidráulica uniforme, superando a resistência de atrito, é necessário o concurso da bomba ou a solução do problema de nível; 6 — para que a corrente elétrica se mantenha com intensidade invariável, equacionando os impositivos da resistência elétrica, é imprescindível que o gerador assegure a diferença de potencial, nutrindo-se o movimento de elevada carga de elétrons, conforme as aplicações da força; 7 — e para que se garanta a complementação do circuito mediúnico, com a possível anulação das deficiências de intercâmbio, é preciso que o médium ou os médiuns em conjunção para determinada tarefa se consagrem, de boamente, a manutenção do pensamento constante de aceitação ou adesão ao Plano da entidade ou das entidades da Esfera Superior que se proponham a utilizá-los em serviço de elevação ou socorro. 8 Tanto quanto lhes seja possível, devem os médiuns alimentar esse pensamento ou recurso condutor, sempre mais enriquecido dos valores de tempo e condição, sentimento e cultura, com o alto entendimento da obra de benemerência ou educação a realizar.


4. NECESSIDADES DA SINTONIA. — Não se veja em nossas assertivas qualquer tendência à inutilização da vontade do médium, com evidente desrespeito a personalidade humana, inviolável em seu livre arbítrio.

2 Anotamos simplesmente as necessidades da sintonia, no trabalho das Inteligências associadas para fins enobrecedores, 3 porque, em verdade, os médiuns trazidos ao serviço de reflexão do Plano Superior, quer nas obras de caridade e esclarecimento, quer nas de instrução e consolo, precisarão abolir tudo o que lhes constitua preocupações-extras, tanto no que se refira à perda de tempo quanto no que se reporte a interesses subalternos da experiência vulgar, 4 sustentando-se, por esforço próprio e não por exigência dos Espíritos Benevolentes e Sábios, em clima de responsabilidade, alegremente aceita, e de trabalho voluntário, na preservação e enriquecimento dos agentes condutores da sua vida mental, no sentido de valorizar a própria cooperação, com fé no bem e segura disposição ao sacrifício, no serviço a efetuar-se.

5 Naturalmente, estudamos, no presente registro, a mediunidade em ação construtiva e não o fenômeno mediúnico, suscetível de ser identificado a cada passo, inclusive nos problemas obscuros da obsessão.


5. DETENÇÃO DE CIRCUITOS. — Cabe considerar que as analogias de circuitos apresentadas aqui são confrontos portadores de justas limitações; 2 porquanto, na realidade, nada existe na circulação da água que corresponda ao efeito magnético da corrente elétrica, como nada existe na corrente elétrica que possa equivaler ao efeito espiritual do circuito mediúnico.

3 Recorremos às comparações em foco apenas para lembrar aos nossos companheiros de estudo a imagem de “correntes circulantes”, 4 recordando, ainda, que a corrente líquida, comumente vagarosa, a corrente elétrica muito rápida e a corrente mental ultra-rápida podem ser adaptadas, controladas, aproveitadas ou conduzidas, 5 não podendo, entretanto, suportar indefinida armazenagem ou detenção, sob pena de provocarem o aparecimento de charcos, explosões e rupturas, respectivamente.


6. CONDUÇÃO DAS CORRENTES. — Na distribuição prestante das águas, no circuito hidráulico, são necessários reservatórios e canais, represas e comportas, em edificações adequadas.

2 Na aplicação da corrente elétrica, em circuitos correspondentes, não podemos prescindir, como na administração da força eletromotriz, de alternadores inteligentemente estruturados, para a dosagem de correntes e voltagens diversas, com a produção de variadas utilidades.

3 E no aproveitamento da corrente mental, no circuito mediúnico, são necessários instrumentos receptores capazes de atender às exigências da emissão, para qualquer serviço de essência elevada, compreendendo-se, desse modo, que a corrente líquida, a corrente elétrica e a corrente mental dependem, nos seus efeitos, da condução que se lhes imprima.


André Luiz


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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