O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira


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Matéria mental

(Sumário)

1. PENSAMENTO DO CRIADOR. — Identificando o Fluido Elementar ou Hálito Divino por base mantenedora de todas as associações da forma nos domínios inumeráveis do Cosmo, 2 do qual conhecemos o elétron como sendo um dos corpúsculos-base, nas organizações e oscilações da matéria, 3 interpretaremos o Universo como um todo de forças dinâmicas, expressando o Pensamento do Criador. 4 E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encontraremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações temporárias, adstritas a nossa necessidade de progresso.

5 No macrocosmo e no microcosmo, tateamos as manifestações da Eterna Sabedoria que mobiliza agentes incontáveis para a estruturação de sistemas e formas, em variedade infinita de graus e fases, 6 e entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande surge a inteligência humana, dotada igualmente da faculdade de mentalizar e co-criar, empalmando, para isso, os recursos intrínsecos à vida ambiente.

7 Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do Criador 8 e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os poderes do Espírito se manifestam.


2. PENSAMENTO DAS CRIATURAS. — Do Princípio Elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as energias profundas que produzem eletricidade e magnetismo, sem conseguir enquadrá-las em exatas definições terrestres, 2 e, da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, 3 a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, 4 passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, 5 até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.

6 Os Espíritos aperfeiçoados, que conhecemos sob a designação de potências angélicas do Amor Divino, operam no micro e no macrocosmo, em nome da Sabedoria Excelsa, 7 formando condições adequadas e multiformes à expansão, sustentação e projeção da vida nas variadas Esferas da Natureza, 8 no encalço de aquisições celestiais que, por enquanto, estamos longe de perceber. 9 A mente dos homens, indiretamente controlada pelo comando superior, interfere no acervo de recursos do Planeta, em particular, aprimorando-lhe os recursos na direção do Plano angélico, 10 e a mente embrionária dos animais, influenciada pela direção humana, hierarquiza-se em serviço nas regiões inferiores da Terra, no rumo das conquistas da Humanidade.


3. CORPÚSCULOS MENTAIS. — Como alicerce vivo de todas as realizações nos Planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. 2 Entretanto, ele ainda é matéria, — 3 a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos 4 e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo. ( † )

5 Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, n 6 considerando os átomos, tanto no Plano físico, quanto no Plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.

7 Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de “núcleos, prótons, nêutrons, pósitrons, elétrons ou fótons mentais”, n em vista da ausência de terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos.

8 Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem frequência e cor peculiares.

9 Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.


4. MATÉRIA MENTAL E MATÉRIA FÍSICA. — Em posição vulgar, acomodados às impressões comuns da criatura humana normal, os átomos mentais inteiros, regularmente excitados, na esfera dos pensamentos, produzirão ondas muito longas ou de simples sustentação da individualidade, correspondendo à manutenção de calor. 2 Se forem os elétrons mentais, nas órbitas dos átomos da mesma natureza, a causa da agitação, em estados menos comuns da mente, quais sejam os de atenção ou tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos exprimir-se-á em ondas de comprimento médio ou de aquisição de experiência, por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior. 3 E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da mente, quais sejam as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transformador do campo espiritual, teoricamente semelhantes aos que se aproximam dos raios gama.

4 Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na Esfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo.


5. INDUÇÃO MENTAL. — Recorrendo ao “campo” de Einstein, imaginemos a mente humana no lugar da chama em atividade. 2 Assim como a intensidade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de energias em combustão, demonstrando fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio, não obstante a diferença de condições.

3 Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Espírito com qualidade de indução mental, tanto maior quanto mais amplos se lhe evidenciem as faculdades de concentração e o teor de persistência no rumo dos objetivos que demande.

4 Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contato visível, 5 no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, 6 porquanto a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. 7 E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.

8 Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, 9 gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, 10 que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.


6. FORMAS-PENSAMENTOS. — Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos a telementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação, 2 desde o acasalamento dos insetos até a comunhão dos Espíritos Superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora, defeso ao conhecimento.

3 Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, 4 ideia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, 5 mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir.

6 É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, 7 construções substanciais na Esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. 8 Isso acontece porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas correntes de matéria mental que exterioriza, eleva-se a gradativa libertação no rumo dos Planos superiores ou estaciona nos Planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés.


André Luiz



[1] [NOTA: “Diferentes condições vibratórias.” Referência aos vários Planos Espirituais que nos circundam, onde os mesmos elementos e energias, conhecidos ou não, se fazem presentes. Tomemos como exemplo uma nota musical que pode vibrar em escalas de diferentes tons em oitavas diferentes; assim também vamos encontrar os elementos materiais e as energias, vamos dizer, em “oitavas” diferentes, nos vários Planos Espirituais circunstantes. Vide Observação, no tema Matéria.]


[2] [No original: «núcleos, protões, neutrões, positrões, eletrões ou fotônios mentais». Vide nota de rodapé do capítulo 2.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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