O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Fulgor no entardecer — Autores diversos


Fulgor no entardecer

1 O engenheiro Dr. Cirilo Mariano fora convidado para promover a construção de extensa ponte, que ligaria a fazenda de um amigo à grande cidade, onde possuía a própria residência.

2 Dr. Cirilo ganhara expressiva concorrência e se rejubilava com isso, embora suportando a crítica de muitos colegas.

3 O chefe de serviço doara-lhe uma casa modesta que se erguia entre a cidade e a fazenda. Uma habitação para três ou quatro dias. Tratava-se de uma edificação rústica onde o fazendeiro o cercou do máximo conforto. A moradia, no entanto, não dispunha de força elétrica.

4 Para lá se transferiu para estudar o mapeamento que presidiria a construção da ponte necessária, levando consigo o filho Rogério, não só para aproveitar parte das férias usuais, como também a fim de fazer companhia ao pai afetuoso. Rogério era um garoto robusto que servia ao progenitor na maior atenção.

5 No primeiro dia de trabalho o engenheiro estava cercado de desenhos e orçamentos, quando a noite se avizinhou, envolvendo pai e filho na escuridão compreensível e justa.

6 Dr. Cirilo não se acomodou com a luz da vela e, dando um murro em mesa próxima, disse para o filho:
— Meu filho, veja as nossas dificuldades!

7 E acentuou, depois de longa pausa:
— Se Deus criou o dia com tanta luz, por que terá deixado tão escura a noite, impedindo-nos de trabalhar?

8 Você futuramente verá que tenho razão! Por que o dia foi aquinhoado de tanto brilho, largando a noite para uso das trevas?

9 O pai não esperou pelas observações do menino que ainda não completara doze anos de idade. Em seguida, abeirou-se de uma janela próxima, parecendo repentinamente mergulhado nos pensamentos de dúvida que lhe invadiam a mente de homem prático.

10 O filho seguia-lhe os movimentos com atenção.

11 O engenheiro demorou-se bastante tempo em meditação. Ao voltar-se para o filho adolescente, mostrava um semblante calmo, muito longe do desespero de momentos antes.

12 Afagou os cabelos do menino e comentou com voz pausada e natural:
— Rogério, meu filho, alguns minutos de reflexão, ante a natureza exterior, me transformaram as disposições mentais.

13 Nunca pensei nisso antes, mas vejo agora que o Criador agiu com precisão e sabedoria. Reconheço terá estabelecido a noite para o descanso de nossas energias desgastadas e aproveitou essas horas de repouso, quase compulsório, para descerrar os milhões de estrelas que povoam o firmamento, dando-nos a entender quanto progresso nos espera no futuro.

14 Apontando os astros, acrescentou:
— Veja bem as constelações! São poemas escritos nos céus, e as estrelinhas, a meu ver, lembram trovas perfeitas, cuja significação saberemos mais tarde.

15 Estou feliz por haver encontrado a solução do problema em mim mesmo…

16 O filho abraçou-o e disse, entre alegre e comovido:
— Papai, se o senhor está positivamente voltado para o Bem, falando sobre o assunto com a sua elevada compreensão da Vida, rendamos Graças a Deus!


Emmanuel

Uberaba, 23 de janeiro de 1991.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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