O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Entes queridos — Familiares diversos


13


Sidney Rodrigues

São Paulo (SP) — 25 de fevereiro de 1957.

São Paulo (SP) — 02 de fevereiro de 1976.

Filho de José Rodrigues Filho e de D. Shirley Rodrigues, Sidney desencarnou aos dezenove anos incompletos, vítima de disparo acidental por arma de fogo.

O jovem paulistano escreveu aos pais, através de Chico Xavier, duas mensagens, a primeira dezenove meses após a partida e a segunda mais recentemente, em dezembro de 1981.


PALAVRAS DOS PAIS DO COMUNICANTE


“Após a primeira mensagem de nosso querido filho, começamos a encontrar novamente um pouco de paz e com o recebimento da segunda, algum tempo depois, sentimo-nos bem mais fortalecidos espiritualmente, encontrando forças para continuar a viver e para concentrar nos outros filhos, Patrícia e José Carlos, todo o nosso amor.”


Shirlei e José Rodrigues Filho


PRIMEIRA MENSAGEM


1 Querida mamãe, querido papai, meu querido José Carlos, venho com meu avô José Rodrigues n para comunicar-lhes que estou melhor.

2 Não fossem as dúvidas complicadas que acompanharam a minha despedida involuntária do corpo físico, estaria mais forte. Vejo-me, porém, no círculo das indagações que não posso responder.

3 Querido irmão, levante seu pensamento a meu respeito, estude, trabalhe e ame a vida. Ninguém me ofendeu e nem pratiquei o suicídio, uma tese que ainda me esfogueia a cabeça fatigada. n

4 Efetivamente me achava na intimidade do quartel, mas procurava limpar a arma com excesso de atenção que passou a desatenção. Buscava lustrar o instrumento em minhas mãos, quando no silêncio do gabinete alguma coisa explodiu.

5 O projétil escapou, sem que eu percebesse, da arma que me caíra das mãos num movimento impensado de minha parte e a bala recocheteada me alcançou à esquerda, na base do crânio.

6 O choque foi indescritível. Entretanto, essas horas que devem ser de redenção para nossa alma, mas que se nos mostram terríveis, ante a experiência no mundo físico, me impuseram estranha inércia.

7 Apaguei, sem gritar. De momento, compreendi tudo. No entanto, era tarde para registrar qualquer esclarecimento: um torpor invencível me estirou na horizontal, ao que suponho, porque a inconsciência me tomou inteiramente.

8 Em verdade, acordei com o assombro de quem se recompõe, depois de se haver suposto extinto para sempre, mas a breves minutos, vim a saber da realidade, entre aflições e lágrimas que não conseguia evitar.

9 Ouvi as lamentações que me vinham de casa, mas até hoje, quando estamos na véspera do dia em que se completarão dezenove meses sobre a infeliz ocorrência, estou emaranhado nos pensamentos contraditórios, a respeito do que me aconteceu.

10 Papai, se o senhor puder, explique o que confesso aos oficiais que me dirigiam com distinção e bondade, mas se minhas explicações não forem aceitas, em vista de estar escrevendo de uma outra existência em novas dimensões, rogo ao senhor, à mãezinha e a meu irmão concordarem com as teses que foram apresentadas para que se tenha o encerramento definitivo da questão.

11 Creio que minhas informações são válidas, porquanto, em consciência limpa, não posso deixar meus antigos chefes e companheiros enleados numa teia de desconfianças e dúvidas, sem razão de ser.

12 Entretanto, para que a paz venha morar conosco outra vez, peço que assinem os laudos que vierem à nossa consideração, sem qualquer ressentimento.

13 Rogo isso, porque sempre recebi atenções e gentilezas de todo o pessoal da Aeronáutica que prossigo reverenciando com o máximo respeito. n

14 E feito isso, espero retomar-me na tranquilidade de que necessito, a fim de estar em segurança. Referências a nós outros, neste mundo em que hoje vivo, com pontos de interrogação e notas de reticências sempre no ar, como que asfixiam a pessoa em minha situação. Agradeço o que conseguirem fazer por minha paz.

15 José Carlos, reanime-se, irmão, a vida ê grande e bela demais para que se possa pensar em abandono das obrigações com que somos honrados. Confio em você, no abraço de sempre.

16 E aos pais queridos, aos quais rogo perdão por uma falta que não cometi conscientemente, deixo aqui estampado nestas letras pobres todo o coração do filho que continua a viver para ambos, cada vez mais reconhecidamente,


Sidney


30 de junho de 1978.


SEGUNDA MENSAGEM n


1 Querida mãezinha Shirley e querido papai, estou presente e rejubilo-me com a oportunidade de afirmar-lhes que prossigo em meu reajuste espiritual com a segurança de que necessitava.

2 Agradeço ao nosso caro José Carlos e aos familiares que se incumbiram de me auxiliar no que se refere à tese inverídica de minha passagem violenta no rumo da vida diferente, em que, presentemente, me encontro.

3 Graças a Deus, a ideia suposta de suicídio desapareceu e a verdade foi restabelecida, mesmo no conceito de chefes amigos que, de imediato, não conseguiram atingir as conclusões exatas, em torno do acidente que me trouxe de volta.

4 Um engenho qualquer exige muita atenção no manejo respectivo e estimaria, de meu lado, imprimindo o possível proveito às minhas palavras, asseverar a todos os amigos no Plano Físico, que não apenas a arma habilitada a desfechar esse ou aquele projétil é um perigo que nos cabe manusear cuidadosamente, mas também uma lâmpada elétrica, um fio de força a descoberto, um bico de gás, a chama de uma vela, o volante de um carro, a tomada de energia desvalida de proteção, constituem agentes da vida a nos solicitarem cautela e vigilância para que não se convertam em forças da desencarnação.

5 Comigo, um leve instante de pensamento vago me induziu a perder a arma de serviço, cujo projétil, casualmente disparado, ricocheteou, com violência, para me alcançar de maneira indescritível.

6 Querida mãezinha Shirley, agradeço-lhes por tudo de bom que me proporcionaram com as retificações precisas e espero continuar melhorando sempre mais as minhas próprias condições de serviço, a fim de lhes ser útil, a todos.

7 Minha carta ligeira está contendo os meus votos de Boas Festas a todos os nossos familiares, atento que me vejo à requisição de suas preces maternais, â espera de alguma palavra nossa.

8 O avô José Rodrigues está em minha companhia e o Tio Antônio, n igualmente, me acompanha, por amigo e parente do coração.

9 Querida mãezinha, não dispondo de mais ampla quota de tempo, deixo ao seu carinho e ao carinho do papai, associados ao devotamento do nosso querido José Carlos, todo o coração do seu filho, sempre grato,


Sidney


6 de dezembro de 1981.


Abrir