O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Enxugando lágrimas — Familiares diversos


18


Mensagem a um amigo

1 Nêgo, Deus nos abençoe. Muito obrigado, meu amigo e meu irmão.

2 Agradeço por Adélia, por meus filhos e por este seu velho ser. O Todo-Poderoso abençoe sua preciosa vida, isso, Nêgo, é tudo o que, por agora, posso dizer.

3 Estou forte e tranquilo, na mesma confiança. A vida não termina.

4 A dimensão é outra mas somos os mesmos, caminhando com o que temos e com o que somos para as realizações desejadas. Reintegrado na turma dos trabalhadores da Natureza, rendo graças a Deus por todos os recursos que nos enriquecem de paz e segurança.

5 Meu amigo, o serviço é imenso. Por aí, em nossa Terra, vemos unicamente uma faixa reduzida do trabalho a executar. Mediante a nossa amizade tenho desejado associar-me com o seu esforço e ligar o seu esforço com o nosso, para termos em suas mãos uma estação a mais de socorro, em benefício dos que sofrem.

6 Pouco a pouco, esperamos conseguir isso. Entregando-nos ao trabalho dos pequeninos, guardo a certeza de que muitos defensores deles se entregarão ao cuidado por nós.

7 Não se aflija. Comecemos pensando positivamente na ligação nossa, através da oração em momento certo do dia.

8 Iniciaremos com alguns minutos e gradativamente seguiremos para tarefas de maior significação. Não tenha receio. A Natureza é o regaço maternal da Criação.

9 Grande progresso está nas indústrias do mundo, entretanto, a força vem das cachoeiras, do carvão ou dos resíduos de certos materiais.

10 O pão, cada vez mais necessário na Terra, procede do trigo ou de outros cereais que se erguem do chão, vitalizados pelo adubo que tantas vezes surge de recursos considerados desprezíveis.

11 A água potável desce do seio empedrado das serras ou sobe, à força das engrenagens de sucção, do fundo do solo. Minerais diversos e elementos da vida animal, sacrificada em benefício do homem, constituem, na maior parte, a base dos medicamentos que socorrem a saúde humana. Nenhuma edificação se levanta, nas áreas da Humanidade, sem alicerces na pedra ou nos metais extraídos de minas diversas.

12 A criança se consolida na experiência física, quase sempre, usufruindo o leite de mães bovinas ou das mães de outras espécies variadas, como sejam as dos caprinos e equinos.

13 Tudo é amor da Natureza, abençoando as criaturas e cercando-as com as vantagens da proteção e da defesa necessárias.

14 Da gota de chuva às profundezas do mar e do pequeno trato de barro, acalentando a semente, ao brilho da luz na montanha, tudo é apoio de Deus, começando pela Mãe Natureza, humilde e abnegada, amparando-nos em silêncio na reencarnação, desde o berço que nos acolhe, na chegada aos braços maternos, até àquele outro berço, em forma de esquife, que nos resguarda para o descanso do corpo, então desgastado e inútil, no seio da grande Mãe Terra, que a todos nos reúne em seu infinito amor — o mesmo infinito amor que vem de Deus.

15 Companheiros, trabalhemos, pois, no ministério da simplicidade e da paz. Que a luz do nosso pensamento em ascensão para os Céus se gradue a fim de que nos voltemos para a Vida Natural, no trabalho do bem a que somos chamados.

16 Nêgo, o nosso santuário é nosso — nosso santuário de sempre. Onde estiver, o espaço que a sua presença esteja marcando pode ser um desdobramento do nosso recanto de luz e paz, vida e amor.

17 Lembremo-nos sempre: — O sol é chama divina de Deus no Espaço e a vela é a resposta do homem, filho de Deus, dissipando a escuridão, que é simplesmente a ausência da luz. Da vela ao sol, multiformes recipientes de luz demonstram a união do homem com Deus e a de Deus com o homem nos caminhos da evolução.

18 Nem todos nós podemos ser o foco irradiante que se serve de usina terrestre para brilhar, mas todos podemos ser a vela humilde, refletindo a presença do Supremo Senhor, onde haja vida a consolar, encaminhar, sustentar e iluminar.

19 Nêgo, boa noite. Boa noite, amigos. Tudo está seguindo para melhor. Paz e confiança.

20 Com todos, o abraço do amigo e servidor reconhecido.


Jacob (assistido por Elael)


TRABALHADOR DA NATUREZA


Da primeira página do jornal Cinco de Março, de Goiânia, n extraímos a mensagem de Jacob, que veio acompanhada apenas dos seguintes lembretes, além da indicação de que foi recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião íntima, na noite de 18 de fevereiro de 1975, em Uberaba, Minas Gerais:

“Jacob Oliveto, autor da mensagem psicografada, residia perto de Goiânia, às margens do Rio Meia Ponte, na estrada de Bela Vista (ponte do Jacob). Quando vivo, foi um médium extraordinário, bastante conhecido e estimado na capital goiana. Faleceu há oito meses, de morte natural.”

Entrevistando o destinatário da mensagem, Sr. Santinônimo Vieira Machado, distinto corretor de imóveis e médium de largos recursos, goiano residente em Uberaba, há cerca de dois lustros, conhecido dos íntimos por Nêgo, no dia 9 de janeiro de 1977, colhemos dele alguns dados que reputamos importantes.


1. Nascido a 7 de julho de 1904, em Piracicaba, Estado de São Paulo, Jacob Oliveto mudou-se para Goiás, em 1940, residindo em Goiânia, às margens do Rio Meia Ponte, desde 1942.

Começo de sua mediunidade: 1958 — quando, à noite, se levantava em estado sonambúlico, até que um dia se surpreendeu por ter encontrado, por indicação da esposa, D. Adélia, num pedaço de papel anotações escritas por ele e ditadas por um Espírito de nome Alípio Francisco de Souza, que o despertavam para o trabalho no campo espiritual. Foi quando Jacob recordou que Alípio fora salvo por ele, quando em vida, de um afogamento no Rio Piracicaba, em 1935. Nessa ocasião, por agradecimento, o idoso Sr. Alípio dissera-lhe que iria tentar salvar também a vida de Jacob.

Dias após, quando Jacob cavalgava pelas pastagens do Rio Meia Ponte, foi surpreendido pelo aparecimento de um homem, à frente do cavalo, que pedia para que Jacob parasse. Jacob não obedeceu e tocou para diante, vindo a cair do cavalo.

Impressionado por não ver mais o homem que lhe aparecera, Jacob montou novamente e procurou regressar para casa.

Momentos depois, surgiu-lhe outra vez à frente o mesmo homem.

Em diálogo com ele, Jacob constatou ser a pessoa que ele houvera salvo de afogamento. Perguntando-lhe o que fazia ali, respondeu que houvera morrido e que em espírito estaria ao lado dele para ajudá-lo, e que muitas vezes Jacob voltaria a vê-lo para trabalharem juntos.

Dessa época em diante, Jacob passou a ter novos encontros com o Espírito do Sr. Alípio, e esclarecimentos da Vida Espiritual que até então Jacob ignorava plenamente, passando a trabalhar junto aos que lhe procuravam a dedicação fraterna, buscando orientá-los espiritualmente, aconselhado pelo Espírito do Sr. Alípio. E, posteriormente, também, o médium se via amparado por outras entidades espirituais, realizando curas, orientações e socorros, até 14 de julho de 1974, quando desencarnou, em sua residência.

Foi sepultado em Aparecida de Goiânia, Estado de Goiás. Jacob Oliveto era filho de Paulo Oliveto e de D. Francisca Dehn Oliveto, ambos paulistas.

Jacob, na revolução de 1932, perdeu a perna direita.

Casou-se, em Goiânia, com a senhora Adélia Nascimento, natural de Bela Vista, Estado de Goiás. Deste casamento teve como filhos: Iza Oliveto e Allan Oliveto, e como filho de criação — Mário Oliveto.

Com doze anos de idade, a filha Iza apresentou fenômenos mediúnicos autênticos, sendo que a jovem passou a auxiliá-lo por seis anos, permanecendo nessa assessoria até o falecimento do progenitor. Neste mesmo período, D. Adélia também desenvolveu a vidência e a audição, que duraram três anos, quando pediu a Jacob para que lhe fosse retirada a faculdade mediúnica, o que aconteceu.

Esclarecemos, ainda, conforme apontamentos de família, que um ano após a morte de Jacob, D. Adélia passou a vê-lo em estado de desdobramento, com um detalhe: D. Adélia o vê fisicamente perfeito.


2. Jacob Oliveto foi, realmente, um médium admirável, que viveu em profundo contato com a Natureza, e levou uma vida marcada de autêntica humildade, socorrendo a milhares de pessoas que o procuravam em busca de consolo, a todos distribuindo o lenitivo apropriado, com palavras simples, desataviadas, porém sinceras e confortadoras sempre. Santinônimo, que o conhecia de longa data, foi testemunha de fenômenos de efeitos físicos que, se ocorressem ante parapsicólogos e cientistas, os deixariam estupefatos.


3. No dia da transmissão da mensagem, Santinônimo encontrava-se numa fazenda, a serviço, cerca de quarenta quilômetros de Uberaba, quando percebeu Jacob, perfeitamente materializado, dizendo-lhe: — Nêgo, hoje preciso lhe transmitir uma mensagem. Não pode passar de hoje.

Logo mais, duas horas depois, novamente o Espírito se corporificou ao seu lado, e voltou a insistir:

— Nêgo, preciso, ainda hoje, lhe transmitir uma mensagem. Santinônimo, já com a tarefa quase concluída, apressou-se e se dirigiu para a sua residência, em Uberaba. À noite, visitando o médium Chico Xavier, completamente esquecido das ocorrências mediúnicas do dia, ouviu deste a seguinte observação:

— Desde cedo, meu caro Nêgo, o Espírito de Jacob está querendo transmitir uma mensagem para você. Vamos ver se conseguimos isso.

Minutos depois, feita a concentração, após a prece inicial, Santinônimo sentiu-se fora do corpo físico, e percebeu que Jacob falava através de uma espécie de microfone, em voz pausada, enquanto o lápis de Chico Xavier corria, assessorado por um Espírito que se postava atrás do médium de Emmanuel.

Ao final da ligeira reunião, quando Chico Xavier leu a mensagem, Santinônimo apenas ouviu de novo a expressão “assistido por Elael”, já que ouvira a voz, a mesma voz de Jacob, durante a transmissão da página mediúnica.

Pelo que depreendemos da “Mensagem a um Amigo”, Jacob Oliveto é um Espírito pertencente à equipe dos “trabalhadores da Natureza”, com imensas possibilidades de auxiliar a nós todos, os reencarnados que ainda continuamos presos à matéria, não obstante abracemos uma doutrina de libertação espiritual completa qual o Espiritismo. Possivelmente, uma entidade da mesma envergadura do conhecido amigo espiritual José Grosso — profundamente humilde e talvez por isso mesmo, profundamente sábio.


Elias Barbosa



Cinco de Março, Goiânia, 5 a 11 de maio de 1975, Ano XVI, nº 744.


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