O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Enxugando lágrimas — Familiares diversos


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Jesus não é um mestre morto

1 Minha querida Nayá, minha querida Lélia, rogo a Deus nos abençoe.

2 A oração é assim como um passo de tranquilidade e refazimento no caminho. Esse caminho — o da vida na Terra — é por vezes queimado a fogo de provação e, de outras, enregelado de lágrimas. Oremos, sim. Aprendi também isso. 3 A estrada é longa, alcança regiões difíceis — tão difíceis que outra alternativa não encontramos senão a de nos devotarmos à prece, recorrendo à Bondade Infinita de Deus.

4 Venho, Nayá, rogar a você muita coragem à frente da luta em que a Vontade Sábia do Senhor nos colocou. Acompanho sua abnegação por nossa Lelé e espero em Jesus que ela se refaça. Você e Lélia sabem. 5 Foram anos e anos de condicionamento espiritual. Ela amou profundamente a missão esposada. Viveu-a. Agora para desfazer-se de todas as responsabilidades assim, de momento para outro, seria preciso um arrojo sobre-humano, impossível na Terra. 6 Ajudemos a filhinha com entendimento e serenidade. Ela não está desvalida à frente dos tutores espirituais que a protegem da vida mais alta. 7 Há perseguição no mundo, mas existe amor no Céu, amor bastante para envolver até mesmo os que tentam conturbar as Obras da Bondade de Deus. 8 Que ela avance para a frente, sem ressentimentos no coração. Jesus não é um mestre morto e a cruz abraçada por Ele ainda é para nós todos uma luz que jamais deve esmorecer.

9 A pouco e pouco, a nossa filhinha se readaptará, reconhecerá de mais perto os quadros do mundo de conflitos e provas, tribulações e sofrimentos que sempre foi tão nosso.

10 Lembre, Nayá, do carinho com que você amparou a mim mesmo, da paciência com que você renovou o coração gradativamente, e não estranhe os obstáculos do momento. Estamos unidos e nossas filhas queridas, tanto quanto o nosso Leônidas, estão conosco. 11 Vejo nossa querida Lélia ainda extremamente abatida e rogo a ela não se render às ideias de solidão e desalento. Sei que ela faz o possível para não se entregar… Isso mesmo, filha querida. Lutar pelo bem e confiar em Deus, colocando-nos ao dispor dos Celestes Desígnios.

12 Nosso Alvicto vai bem, restaurando-se dia a dia. A princípio, o choque, o choque natural da desencarnação de improviso. Mas o tempo, com a Misericórdia de Deus, está funcionando. Em muitas circunstâncias, já tem vindo ver você, minha filha, sustentado ainda, como é justo, pela dedicação dos amigos que o assistem. E regozija-se ao notar-lhe o valor e a conformidade. Viva, sim, e viva para auxiliá-lo cada vez mais.

13 Os filhos queridos estão na memória dele, tanto quanto você. Nosso Nogueira tinha na família o centro de seus interesses mais altos. 14 Pensemos nisso e reconheceremos que a saudade é a felicidade em forma de esperança no rumo da alegria outra vez.

15 Creia que você recebeu e está recebendo tratamento constante da parte de benfeitores diversos. Suas forças estão sendo refeitas. Às vezes, surpreendo-a indagando a si mesma, no silêncio da prece “Meu Deus, que fazer de minha vida agora?” Não se entristeça, porém, diante da luta. Continuemos. 16 Agora, você fará por você e pelo esposo que está em vida transformada, mas não ausente. Esperemos que ele e você juntos, pelos abençoados laços da alma, venham a prosseguir realizando o máximo em favor dos que sofrem.

17 Querida Lélia, permaneçamos firmes na fé e perseveremos com o bem, para a vitória do bem. 18 Tudo, filha, se encadeia na vida, a fim de que a Bondade do Senhor nos dê aquilo de que mais carecemos. 19 Recorde o Alvicto com a bênção de sua resignação e de seu otimismo. Ele virá, de novo, guiar suas mãos e orientar os seus pensamentos no trabalho edificante em que os dois sempre estiveram juntos. Será a inspiração de seus passos, tanto quanto, para ele, será você o instrumento para o cultivo da felicidade nova, com o bem por base. 20 Você sabe, filha, que a vida só é grande e bela, justa e rica pela alegria que se possa criar em favor dos outros. Você é e será a estrela para a família que Deus lhe confiou, mas é e será sempre uma luz no caminho de quantos enfrentam penúria e perturbação.

21 Estaremos novamente unidos na beneficência e no ideal de servir, conscientes que somos de que a Seara do Bem é o ponto de nosso reencontro com o Cristo — o Eterno Benfeitor de nossas almas.

23 Nayá, minha querida Lélia, encerrarei esta carta, porque não posso ser mais extenso, entretanto, o coração está e estará com vocês. Peço a Deus por vocês e vocês orem por mim. Apesar do tempo em que me vi renovado, estou igualmente ainda em abençoada readaptação. Recebam vocês duas, todo o coração e todo o carinho no abraço saudoso do companheiro e pai sempre reconhecido,


Antenor


ESPOSO EM VIDA TRANSFORMADA, MAS NÃO AUSENTE


De início, o Autor Espiritual se refere à oração, assunto a que Allan Kardec dedicou todo o capítulo XXVIII de O Evangelho segundo o Espiritismo. ( † )

Em seguida, referindo-se à filha Lelé com suas lutas (tanto o apelido de Adelaide Siqueira de Amorim quanto o fato de ter sido ela distinta religiosa franciscana durante 32 anos e de cujas atividades se despediu naturalmente contra a sua própria vocação, e encontrando novo ânimo nas leituras espíritas, detalhes desconhecidos do médium), chega a afirmar, peremptório: “Que avance para a frente, sem ressentimentos no coração. Jesus não é um mestre morto e a cruz abraçada por Ele ainda é para nós todos uma luz que jamais deve esmorecer.”

Antenor de Amorim nasceu na cidade de Pirenópolis, Estado de Goiás, a 17 de julho de 1875, e desencarnou no Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, a 26 de março de 1948. Era casado com a Sra. Nayá S. Amorim, deixando os filhos Lélia n casada com Alvicto, desencarnado em desastre automobilístico; Leônidas, que reside, hoje, nos Estados Unidos da América do Norte, e Adelaide (Lelé).

Do princípio ao fim da mensagem, notamos a preocupação do Espírito em consolar a esposa que se transformou em viúva, segundo a terminologia humana, mas que ele mesmo não a considera com tal, já que se refere ao genro desencarnado como sendo o “esposo que está em vida transformada, mas não ausente”.

Preocupa-se, ademais, em consolar a filha que se teria convertido em viúva não fora continuar Alvicto Nogueira vivo, no Mundo Espiritual, recuperando-se do “choque natural da desencarnação de improviso.”

Ao mesmo tempo dá forças à filha que, transferida da vida monástica à vida prática, se entrega às tarefas da Doutrina Espírita; e não se esquece do filho que moureja no Exterior.

Antes de terminar a missiva referta de ensinamentos para todos nós, os reencarnados que lavramos o campo bendito do Espiritismo, Antenor assim se expressa, dirigindo-se à Dona Lélia: “Você sabe, filha, que a vida só é grande e bela, justa e rica pela alegria que se possa criar em favor dos outros.”

Segundo informações da família, o comunicante foi católico, mas simpatizante do Espiritismo. Acompanhava constantemente sua mulher, D. Nayá, espírita convicta, às sessões doutrinárias, onde era muito querido.


Conclusões:

1ª) necessidade da oração, a fim de que possamos trilhar com serenidade o caminho da vida na Terra, por vezes queimado a fogo de provação, e, de outras vezes enregelado de lágrimas;

2ª) cabe-nos viver sem mágoas, quando perseguições e dificuldades surgirem no caminho, certos de que os tutores espirituais nos protegem da vida mais alta;

3ª) não nos rendermos à ideias de desalento, ante as provações necessárias e inadiáveis;

4ª) lembrarmo-nos de que tudo se encadeia na vida, a fim de que a Bondade do Senhor nos dê aquilo de que mais carecemos;

5ª) permanecermos unidos na beneficência e no ideal de servir, conscientes quais somos de que a Seara do Bem é o ponto de nosso reencontro com o Cristo — o Eterno Benfeitor de nossas almas.


Elias Barbosa



Veja-se o depoimento de D. Lélia de Amorim Nogueira na obra Amor e Luz ( † ) (Emmanuel/Testemunhos diversos/Francisco Cândido Xavier/Rubens Silvio Germinhasi), IDEAL, S. Paulo, 1ª edição, 1977, pp. 42-49.


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