O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Evolução em dois mundos — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


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Alma e fluidos

(Sumário)

1. FLUIDOS EM GERAL. — A consciência que aprendera a realizar complexas transubstanciações de força nas diversas linhas da Natureza, em se adaptando aos continentes da Esfera extrafísica, passa a manobrar com os fenômenos de mentação e reflexão, de que o pensamento é a base fundamental.

2 Definimos o fluido, dessa ou daquela procedência, como sendo um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas.

3 Temos, assim, os fluidos líquidos, elásticos ou aeriformes e os outrora chamados fluidos imponderáveis, tidos como agentes dos fenômenos luminosos, caloríficos e outros mais.


2. FLUIDO VIVO. — No Plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, 2 de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, 3 absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, 4 pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, 5 transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.

6 Esse fluido é o seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos com que não havia sonhado.

7 Decerto que na Esfera nova de ação, a que se vê arrebatado pela morte, encontra a matéria conhecida no mundo, em nova escala vibratória.

8 Elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio, em forma diversa daquela em que se caracterizam na gleba planetária, engrandecem-lhe a série estequiogenética.

9 O solo do mundo espiritual, estruturado com semelhantes recursos, todos eles raiando na quintessência, corresponde ao peso específico do Espírito, 10 e, detendo possibilidades e riquezas virtuais, espera por ele a fim de povoar-se de glória e beleza, 11 porquanto, se o Plano terrestre é o seio tépido da vida em que o princípio inteligente deve nascer, medrar, florir e amadurecer em energia consciente, 12 o Plano espiritual é a escola em que a alma se aperfeiçoará em trabalho de frutescência antes que possa desferir mais amplos voos no rumo da Luz Eterna.


3. VIDA NA ESPIRITUALIDADE. — Na moradia de continuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, 2 com os dias e as noites marcando a conta do tempo, 3 embora os rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme, como se os equinóceos e solstíceos entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem.

4 Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os benefícios das chamadas mutações espontâneas.

5 As plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no Plano extrafísico, à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a solução de diferentes problemas que lhes dizem respeito, sem exigir maior sacrifício dos habitantes em sua conservação.

6 Ao longo dessas vastíssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, 7 com extensas zonas cavitárias, sob as linhas que lhes demarcam o início de aproveitamento, 8 qual se observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfície continental até o leito dos oceanos, 9 começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas 10 que, por temerem as formações dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou detestando a presença da luz.


4. ESFERAS ESPIRITUAIS. — Muitos comunicantes da Vida Espiritual têm afirmado, em diversos países, que o Plano imediato à residência dos homens jaz subdividido em várias Esferas. 2 Assim é com efeito, não do ponto de vista do espaço, mas sim sob o prisma de condições, qual ocorre no globo de matéria mais densa de que o homem pisa orgulhosamente o dorso.

3 Para justificar a nossa asserção, lembraremos, em rápida síntese, que a crosta terrestre, na maior parte dos elementos que a constituem é sólida, mas conservando, aqui e ali, vastas cavidades repletas de líquido quente ou de material plástico.

4 Guarda o orbe grande núcleo no seio, e que podemos considerar como sendo plasmado num aço de níquel natural, revestido por grossa camada de rocha basáltica, medindo dois mil quilômetros, aproximadamente, de raio, no tope da qual, ali e acolá, surgem finas superfícies de rocha granítica, entre as quais a face basáltica está recoberta de água. 5 Mais ou menos nessa superfície, reside a zona mais apropriada para indicar o limite do solo que é, consequentemente, o leito do oceano.

6 Temos, desse modo, os continentes do mundo, como ligeira película, com a propriedade de flutuar, à maneira de barcaças imensas, sobre o maciço basáltico, película essa que mantém a espessura de cinquenta quilômetros em média.

7 Encontramos, assim, na constituição natural do Planeta, desde a barisfera à ionosfera, múltiplos círculos de força e atividade na terra, na água e no ar, 8 tanto quanto nos continentes identificamos as esferas de civilização e nas civilizações as esferas de classe, a se totalizarem numa só faixa do espaço.


5. CENTROS ENCEFÁLICOS. — É, pois, em novo Plano, a dividir-se em variados setores de ação e de luta, que a consciência desencarnada, agora relativamente responsável, vai conhecer o resultado de suas próprias criações na passagem pelo campo carnal, 2 através dos reflexos respectivos em seu pensamento, — o fluido em que se lhe imprimem os mais íntimos sentimentos e que lhe define os mais íntimos desejos.

3 Com a supervisão dos Orientadores Divinos, associaram-se-lhe no cérebro o centro coronário e o centro cerebral ( † ) em movimento sincrônico de trabalho e sintonia.

4 Por intermédio do primeiro, a mente administra o seu veículo de exteriorização, utilizando-se, a rigor, do segundo que lhe recolhe os estímulos, transmitindo impulsos e avisos, ordens e sugestões mentais aos órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.

5 E assim como o centro cerebral se representa no córtex encefálico por vários núcleos de comando, controlando sensações e impressões do mundo sensório, 6 o centro coronário, através de todo um conjunto de núcleos do diencéfalo, possui no tálamo, para onde confluem todas as vias aferentes à cortiça cerebral, com exceção da vida do olfato, que é a única via sensitiva de ligações corticais que não passa por ele n vasto sistema de governança do Espírito, 7 porquanto aí, nessa delicada rede de forças, através dos núcleos intercalados nas vias aferentes, através do sistema talâmico de projeção difusa e dos núcleos parcialmente abordados pela ciência da Terra (quais os da linha média, que não se degeneram após a extirpação do córtex, segundo experiências conhecidas), verte o pensamento ou fluido mental, por secreção sutil não do cérebro, mas da mente, 8 fluido que influencia primeiro, por intermédio de impulsos repetidos, toda a região cortical e as zonas psicossomatossensitivas, vitalizando e dirigindo todo o cosmo biológico, 9 para, em seguida, atendendo ao próprio continuísmo de seu fluxo incessante, espalhar-se em torno do corpo físico da individualidade consciente e responsável pelo tipo, qualidade e aplicação do fluido, organizando-lhe a psicosfera ou halo psíquico, 10 qual ocorre com a chama de uma vela que, em se valendo do combustível que a nutre, estabelece o campo em que se lhe prevalece a influência.

11 Esse fluido ou matéria mental tem a sua ponderabilidade e as suas propriedades quimioeletromagnéticas específicas, 12 definindo-se em unidades perfeitamente mensuráveis, qual acontece no sistema periódico dos elementos químicos, no Plano terrestre, 13 compreendendo-se que, em Círculos da inteligência mais evoluída, surpreendentes combinações dos fatores conhecidos podem ser efetuadas com vistas a certos fins, 14 como sucede atualmente na Terra, onde elementos como o netuno, o plutônio, o amerício e o cúrio podem ser artificialmente produzidos.


6. REFLEXÃO DAS IDEIAS. — A partícula de pensamento, pois, como corpúsculo fluídico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, 2 a subdividir-se, porém, em diversos tipos, 3 conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram.

4 E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, 4 passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, 5 a partícula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do Espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, 6 convertendo-se, por acumulação, em fluido gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do sentimento que o tipifica e configura, 7 nomeável, à falta de terminologia equivalente, como “raio da emoção” ou “raio do desejo”, 8 força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, impacto e estrutura.

9 Com o fluido mental carreiam-se, desse modo, não apenas as disposições mentossensitivas das criaturas, em atuação recíproca, 10 mas também as imagens que transitam entre os cérebros que se afinam pela reflexão natural e incessante, estabelecendo-se as ideações progressistas 11 que, originariamente vertidas dos Espíritos Superiores, transmitem aos desencarnados da Terra as noções de civilização mais apurada. 12 E por essas mesmas entidades, em contato com as tribos encarnadas do paleolítico, semelhantes noções descem para o chão planetário, disciplinando as criaturas e ofertando-lhes novos horizontes à visão e ao entendimento.

13 Pela reflexão das ideias, surge, assim, entre as duas Esferas entranhado circuito de forças.


7. INTELIGÊNCIA ARTESANAL. — O Plano físico é o berço da evolução que o Plano extrafísico aprimora.

2 O primeiro insufla o sopro da vida, cujas edificações o segundo aperfeiçoa.

3 A reencarnação multiplica as experiências, somando-as, pouco a pouco.

4 A desencarnação subtrai-lhes lentamente as parcelas inúteis ao progresso do Espírito e divide os remanescentes, definindo os resultados com que o Espírito se encontra enobrecido ou endividado perante a Lei.

5 Consolidada a incessante eclosão do fluido mental entre as duas Esferas, começa para o homem novo ciclo de cultura. 6 Em verdade, a mente da era paleolítica mostra-se, ainda, limitada, nascitura, mas não tanto que não possa absorver, embora em baixa dosagem, as ideias renovadoras que lhe são sugeridas no Plano Superior.

7 Em razão disso, pela reflexão possível, aparece entre os homens, mal saídos da selva, a inteligência artesanal, instalando no mundo a indústria elementar do utensílio.

8 Por ela, o habitante do império verde encontra meios de efetuar com mais segurança velhos atos instintivos, utilizando o varapau para alongar o braço na colheita dos frutos dificilmente acessíveis, fabricando anzóis e arpões que lhe substituam os dedos na profundez das águas, burilando o sílex que lhe veicule a energia dos punhos e plasmando a roda que lhe poupe, de alguma sorte, o sacrifício dos pés.


8. PLASMA CRIADOR DA MENTE. — É pelo fluido mental com qualidades magnéticas de indução que o progresso se faz notavelmente acelerado.

2 Pela troca dos pensamentos de cultura e beleza, em dinâmica expansão, os grandes princípios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte descem das Esferas Sublimes e impressionam a mente do homem, 3 traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veículo físico que, gradativamente, se acomoda a novos hábitos.

4 Épocas imensas despendera o princípio inteligente para edificar os prodígios da sensação e do automatismo, do instinto e da inteligência rudimentar; 5 entretanto, com a difusão do plasma criador oriundo da mente, em circuitos contínuos, consolida-se a reflexão avançada entre o Céu e a Terra, 6 e os fluidos mentais ou pensamentos atuantes, no reino da alma, imprimem radicais transformações no veículo fisiopsicossomático, 7 associando e desassociando civilizações numerosas para construí-las de novo, 8 em que o homem, herdeiro da animalidade instintiva, continua, até hoje, no trabalho progressivo de sua própria elevação aos verdadeiros atributos da Humanidade.


André Luiz


Uberaba, 12/3/1958.



[1] Devemos esclarecer que a via olfatória não passa pelo tálamo, contudo, mantém conexões com alguns núcleos talâmicos através de fibras provenientes do corpo mamilar, situado no hipotálamo. — (Nota do Autor espiritual.)


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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