O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho de Chico Xavier — O próprio (Encarnado)


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O amigo injuriado

1 “Certa vez, alguém me contou que havia sido perseguido e injuriado, por muitos anos, por um ferrenho adversário de suas ideias. Ele vivia sonhando com o dia em que o seu opositor, reconhecendo os equívocos cometidos, o procurasse para pedir perdão… Imaginava, finalmente, ter o referido adversário aos seus pés, dando a mão à palmatória. Acalentara essa ideia de triunfo em que justiça lhe seria feita. 2 Pois bem. Quando já estava com os cabelos quase todos brancos, o adversário de muito tempo, também de cabelos brancos, inesperadamente o procura para o tão aguardado entendimento. 3 Confessou-lhe os seus excessos, pediu a ele que o desculpasse na inveja e no ciúme que sempre o haviam motivado no combate acirrado, falou de suas lutas pessoais e conflitos de ordem íntima semelhantes aos que exatamente criticara no companheiro… Conversaram longamente, sem ninguém por perto para testemunhar o diálogo. 4 O amigo injuriado, que tinha tantas respostas na ponta da língua, que havia decorado o que dizer justamente para quando chegasse a hora inevitável daquele confronto, percebeu, segundo ele próprio me confidenciou, que ele também inutilmente perdera tempo… De repente, sentiu que não havia qualquer razão para o revide… Ambos haviam envelhecido naquela disputa que ninguém saberia identificar como teria começado.

5 — “Chico, — disse-me ele, — eu não tive vontade nenhuma de reagir; é verdade que ele se prevalecera de todas as artimanhas para me prejudicar, mas eu também mentalizara aquele momento, o dia em que, face a face comigo, ele se sentisse humilhado… 6 Ele estava tendo a grandeza de me pedir perdão; se eu não o perdoasse, ele estaria triunfando sobre mim… Eu nunca teria ido a ele; ele é que estava tomando a iniciativa de vir a mim… 7 Eu, que anelava fazer uma publicação no jornal, tornando pública aquela hora de retratação, não tive ânimo de contar isso a quem quer que fosse; você é a primeira pessoa que está sabendo — ele desencarnou há mais de um mês!… Hoje, sinto por ele uma afeição que não sei explicar. Reconheci que em muita coisa ele tinha razão a meu respeito…”

8 Feliz daquele que, na hora de dar o troco, perde a vontade! Esses encontros com os nossos desafetos mais cedo ou mais tarde acontecerão; se não for nesta vida, será na Vida Espiritual. 9 Os que nos perseguem, com razão ou sem razão, nos auxiliam a identificar o nosso próprio lugar… 10 Às vezes, nos é muito mais útil um adversário sincero que um amigo bajulador.”


Chico Xavier


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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