O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

O Evangelho de Chico Xavier — O próprio (Encarnado)


133 a 135


A família de Chico Xavier

1 “O meu pai era um homem muito severo; convivi pouco com ele, mas ele me marcou muito… Hoje, compreendo que tive o pai que precisava ter. 2 Se eu tivesse tido moleza, não sei o que teria sido de mim… Não sou adepto da violência, mas aprendi que sem disciplina criança alguma vira gente… 3 Tínhamos muito medo do meu pai. A gente andava miudinho… 4 Médium que cresce sem dificuldade, sem luta não se retempera para continuar na tarefa. 5 Neste sentido, devo muito ao meu pai. Ele me combatia, mas, por outro lado, não me consentia a irresponsabilidade; ele não ia ao Centro, mas queria saber se eu tinha ido… 6 Apenas nos seus últimos tempos é que houve uma maior aproximação entre nós. Ele não dizia, no entanto eu lia nos olhos dele o seu desejo de se desculpar comigo… 7 Nunca tivemos a conversa que, com certeza, um dia ainda haveremos de ter!…


8 “Cidália sempre me dizia: — Chico, o seu pai é um homem honesto; não fique aborrecido com ele… 9 Cidália, depois de minha mãe, sem dúvida é o Espírito a quem mais devo; posso dizer que ela conseguiu me resgatar do abismo… 10 Quando ela partiu, compreendi que a minha vida nunca mais seria a mesma; naquele exato momento, eu tive que crescer e criar a minha própria reserva de forças para assumir os filhos dela com o meu pai… 11 Depois de minha mãe e de Cidália, nunca mais tive aconchego de colo de mãe… 12 Os Espíritos me deram e me dão muito carinho, mas, com todo o meu respeito a eles, eu sinto muito a falta delas duas… 13 Se eu puder, após a minha desencarnação, serão esses dois Espíritos que eu gostaria de encontrar primeiro…


14 “Enquanto não encaminhei o último filho de Cidália, não me senti livre do compromisso; quando o último se casou, pude, com maior liberdade, seguir o meu próprio caminho… 15 As meninas, minhas irmãs, haviam ficado muito pequenas. À noite, sentindo falta da mãe, elas se passavam para a minha cama; dormiam agarradas em mim… 16 Eu tinha que lhes contar estórias para que parassem de chorar, fazendo força para não chorar junto com elas… 17 E os Espíritos vinham, escreviam, confortavam o meu coração… 18 Eram o serviço, a casa, o Centro, os meninos de Cidália, os amigos, o pessoal que começava a me procurar em Pedro Leopoldo… Não havia tempo para nada. 19 A caridade sempre foi o meu lazer: visitar as famílias mais pobres na periferia, conversar com aquelas senhoras de pano muito alvo amarrado na cabeça, tomar café quente na caneca esmaltada… Ainda agora, sinto cheiro do café da casa de D. Chiquinha!… 20 Aquilo era uma vida de muita luta, mas era felicidade! Hoje, a coisa mudou muito — não sei se para melhor ou para pior!…”


Chico Xavier


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir