O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


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Um encontro marcado

Carlos Alberto é um filho que volta a conversar com sua querida progenitora, D. Celuta dos Santos, residente na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, desfazendo-lhe dúvidas cruéis, nascidas no dia do seu passamento para a Vida Maior. Naquela data, ele tinha “um encontro marcado, de que não me recordava,” com a desencarnação…

Quando se hospitalizou, por vontade própria, na noite de 1º de fevereiro de 1977, para se refazer emocionalmente de estafa agravada por dissabores fora do lar, recebeu uma injeção de calmante e despediu-se de sua mãe. As 6:30 h. da manhã do dia seguinte, ela recebeu a surpreendente e dolorosa notícia: Carlos amanheceu morto.

Além da perda de um ente muito amado, D. Celuta passou a carrear em seu coração dúvidas pontiagudas: teria sido a injeção, que ela viu aplicar em seu filho, a causa do óbito? A assistência médica e da enfermagem teria falhado?

Estas angustiantes perguntas só foram respondidas a contento em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na cidade de Uberaba, pela psicografia de Chico Xavier, na noite de 24 de outubro de 1980, em carta assim redigida:


MENSAGEM


“Compreendi que a morte do corpo é uma espécie de sono da noite, do qual se desperta pela manhã.”

1 Querida mãezinha Celuta, estou aqui.

2 Caminhamos bastante para este reencontro. Agradeço.

3 A sua saudade é do tamanho daquela que trago no coração. Tudo foi tão rápido, uma leve dor de cabeça com uma indisposição que pedia repouso, só isso.

4 Quando me recolhi para tratamento, estava longe de imaginar que tinha um encontro marcado, de que não me recordava. 5 Diz a vovó Maria Rosa n que a existência no mundo físico é semelhante aos relógios, alguns recebem corda para desgaste longo. Outros até se parecem com as melhores máquinas dessa espécie; no entanto, por dentro possuem apenas um resto de resistência para marcar as horas.

6 Foi o que se deu comigo. Tantos planos de felicidade formava para vê-la feliz!

7 Aquelas histórias de namoradas e de encontros, era tudo fictício. n Lá no fundo da alma, conservava os traços de sua luta por nossa própria sobrevivência e queria construir um futuro em que a visse feliz!

8 Sabia eu que o nosso amigo Segges n se nos fizera um admirável companheiro, mas mesmo consciente disso, queria edificar algo de melhor para nós todos. Via o Paulo Henrique n crescendo e o meu ideal se ampliava…

9 Entretanto, mãezinha Celuta, o relógio nas mãos de seu filho era de recursos incompletos.

10 Quando nos separamos, levei a mão no peito e notei que a dor crescia por dentro de mim, a ponto de entontecer-me. n Via-me só, mas não me notava aflito ou desesperado; estava confiante. 11 A verdade é que dormi involuntariamente, e quando retornei à própria consciência, reconheci-me em lugar que não era o nosso.

12 Inutilmente chamei por alguém que a buscasse, até que uma senhora irradiando bondade penetrou o aposento em que me achava e me disse que era a vovó Lindaura. n Ouvi a revelação que não esperava.

13 Compreendi que a morte do corpo é uma espécie de sono da noite, do qual se desperta pela manhã.

14 Sentia-me ágil e ativo, conquanto quase desesperado, porque adivinhava as suas lágrimas que, de imediato, desataram as minhas tão logo pensei nisso.

15 Não precisamos ir longe. Desejo unicamente apagar de sua ternura a ideia de que talvez me houvesse faltado essa ou aquela providência, porque o meu assunto foi realmente a ocorrência que se verifica com o relógio, a parar compulsoriamente por falta de corda. O médico não improvisaria um milagre.

16 Fique tranquila, querida mãe, e recorde que seu rapaz fará o possível para melhorar-se e servir de suporte à sua felicidade porvindoura.

17 Conserve as suas belas esperanças. A vida na Terra é um tecido de espinhos e flores. Dias aparecem, nos quais a nossa vestimenta se constitui mais de espinhos do que de flores, mas isso tudo passa, porque acima dos marcadores de minutos brilha o tempo, que é uma doação de Deus igual em tudo para cada um de nós. 18 Lembremo-nos de que tudo nos sorri e, por isso mesmo, seguir para a frente com a bênção de Deus é o nosso esquema de hoje e sempre.

19 Meu carinho a todos os corações amigos, especialmente ao companheiro paternal que me deu tanto amor, e ao irmão querido que está se desenvolvendo para ser o filho afetuoso e feliz, que o seu carinho tanto merece.

20 E com muitos beijos, em sua face querida, guarde, mãezinha, em seu querido coração, todo o coração do seu filho


Carlos

Carlos Alberto dos Santos Costa n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Vovó Maria Rosa — Maria Rosa Maurício, bisavó materna, desencarnada em 1954.


2 — Aquelas histórias de namoradas — Ele participava à sua mãe todos os seus namoros. Ultimamente estava noivo, a dois meses de um casamento marcado.


3 — Nosso amigo Segges (…) companheiro paternal que me deu tanto amor — Sr. Segges, seu padrasto desde um ano de idade. Sempre o chamou de pai ou amigão.


4 — Paulo Henrique — Irmão, dois anos mais novo.


5 — Quando nos separamos, levei a mão no peito e notei que a dor crescia por dentro de mim, a ponto de entontecer-me. — A sua narrativa é perfeitamente compatível com a causa mortis do laudo da autópsia: enfarte do miocárdio.


6 — Vovó Lindaura — Maria Lindaura Alves da Costa, desencarnada em 1974.


7 — Carlos Alberto dos Santos Costa — Desencarnado em 2/2/1977, com 24 anos de idade.


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