O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


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Despedida na serra

Na madrugada de 27 de maio de 1979, o jovem Reginaldo Ramalho, de 21 anos, estudante de engenharia em São Paulo, quando regressava ao lar, em companhia de um colega, descendo a serra pela Via Anchieta, despediu-se do Mundo Físico em acidente automobilístico.

Seus pais, residentes em Santos, traumatizados pelo acontecimento, passaram um período longo e dificílimo de aceitação da dolorosa realidade.

Mas encontraram muito consolo e esclarecimento em Uberaba, Minas, a 24 de outubro de 1980, quando, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Chico Xavier psicografou a seguinte carta, do próprio punho do filho inesquecível:


MENSAGEM


“Peço-lhe, querida mamãe, ajudar-me a receber a transformação havida como necessária.”

1 Querida mãezinha Otília, n envolva-me nas orações de sua bênção e receba, com meu pai e com todos os nossos, as minhas notícias.

2 Ainda me sinto algo difícil para escrever; tenho a ideia de que estou desempecendo os braços para retomar o lápis, e assumir a atitude de quem se define através das letras; em verdade, porém, desde o instante em que certa máquina pesada nos bateu sobre o carro, sinto uma certa nebulosidade no pensamento.

3 Conversávamos, o companheiro e eu tranquilamente, na serra, quando o inesperado sucedeu… Seria difícil para mim esclarecer pormenores. Quis, por todos os meios, socorrer ao Nelson, n mas não consegui. 4 Minhas forças esmoreceram depressa, e o único movimento que ainda podia fazer era o movimento de pensar em Deus e em nossa casa. Foi nesse desejo de orar em voz alta e de voltar para a nossa casa que adormeci. 5 Não sei ainda avaliar a duração do sono em que me vi mergulhado. Lembro-me apenas de haver sonhado com os seus sofrimentos e com as lutas que eu deixara sem querer.

6 Mãezinha, acordei fatigado e, abrindo os olhos, fui surpreendido com a presença de uma senhora calma e simpática que sorria para mim. Buscando certamente afastar-me de qualquer interpelação indébita, revelou-se para mim como sendo a avó Alexandrina n e com a direção dela tenho estado a fortalecer-me para facear as novas tarefas que me aguardam.

7 Sei que os seus olhos se transformaram em fontes de lágrimas e creia que também de minha parte sinto muita dificuldade para adaptar-me aqui. Espero que o seu espírito de compreensão ante os desígnios de Jesus me auxilie a recuperar-me para ser útil. 8 Ainda me sinto cansado e um tanto difícil, embora não me possa queixar do recanto em que presentemente me vejo.

9 Tenho contido o meu coração como que parado no seu, e peço-lhe, querida mamãe, ajudar-me a receber a transformação havida como necessária. Os exemplos de confiança em Deus me renovam e infundem-me novo campo de forças. Preciso reencontrar-me na paz sempre tão nossa, e desde já agradeço tudo o que fará por mim, como tem feito.

10 Querida mãezinha, ampare-me na confiança em Deus e, tão logo as forças me sejam devolvidas espero ser-lhe útil de algum modo.

11 De nosso amigo Nelson, não sei outras notícias, além das que recebi na primeira enfermaria em que estacionei. Há notícia de que ele foi procurado por um amigo espiritual que se dá a conhecer por irmão Negreiros. n Por agora é tudo o que pude saber.

12 Querida mamãe Otília, perdoe a minha carta pobre, e receba um beijo de saudade e muita esperança do filho que, como sempre, lhe entrega o coração, n


Reginaldo Ramalho


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Mãezinha Otília e meu pai — Otília de Souza Ramalho e Antônio Batista Ramalho.


2 — Nelson — Nelson Negreiros Velloso, seu companheiro de viagem, também desencarnou no acidente. Estudante do 3º ano de engenharia, cursava a Faculdade Mauá, de São Paulo.


3 — Avó Alexandrina — Alexandrina Gomes de Jesus Pereira, bisavó materna, falecida há 58 anos.


4 — Irmão Negreiros — Entidade espiritual familiar de Nelson.


5 — Ao término deste Capítulo, não poderíamos deixar de transcrever, pela sua importância, os seguintes trechos da carta do Sr. Antônio B. Ramalho, a nós enviada, em 26/12/1980:


“O nosso contato com Chico Xavier foi primeiramente na cidade de Uberaba, em janeiro de 1980, quando assistíamos à reunião, mas não conseguimos falar-lhe. Numa segunda vez, chegamos até ele, de quem recebemos muito conforto. Todavia, somente numa terceira viagem, em 24 de outubro de 1980, narramos-lhe o ocorrido sem citar nomes. Chico perguntou-nos quem era Rita (Espírito presente à reunião), pessoa que ignorei no momento, mas, posteriormente, constatei tratar-se de minha avó paterna, desencarnada há mais de 60 anos. E, no final desta reunião, recebemos a mensagem de Reginaldo, cuja repercussão foi bastante significativa, quer na família, quer no círculo de amizades onde meu filho e Nelson eram muito queridos. Observa-se que há uma fé muito grande em todos que acompanham esse processo de contatos espirituais.

Vale ressaltar que, como se fosse uma preparação divina, Reginaldo e Nelson, a partir de um determinado instante da vida deles, quase repentinamente começaram a interessar-se e aprofundar-se em questões espirituais, evidenciando bastante preocupação pelo assunto. Um ano antes da passagem de ambos para a vida maior, vinham fazendo um curso, com professores da Faculdade, em um Centro Espírita de São Caetano do Sul, São Paulo.”


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