O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Revista espírita — Ano XI — Fevereiro de 1868.

(Idioma francês)

Votos de ano novo de um espírita de Leipzig.

Um espírita de Leipzig  †  mandou imprimir, em língua alemã, a seguinte mensagem, cuja tradução temos o prazer de dar.


MEUS VOTOS DE FELIZ ANO-NOVO A TODOS OS ESPÍRITAS E ESPIRITUALISTAS DE LEIPZIG.

Também a vós que vos chamais materialistas, porque só quereis conhecer a matéria, eu seria tentado a vos enviar os meus votos de felicidade, mas temo que considerareis isto como uma ousadia de um estranho, que não tem o direito de ser contado entre vós.

É diferente com os espiritualistas, que estão no mesmo terreno que os espíritas, no que respeita à imortalidade da alma, à sua individualidade e ao seu estado feliz ou infeliz depois da morte. Os espiritualistas e os espíritas reconhecem em cada homem uma alma irmã da sua e, por isto, me dão o direito de lhes enviar meus votos. Uns e outros agradecem ao Senhor pelo ano que acaba de passar e esperam que, sustentados por sua graça, tenham coragem para suportar a prova dos dias aziagos e a força de trabalhar o seu aperfeiçoamento, domando as más paixões.

A vós, caros espíritas, irmãos e irmãs conhecidos e desconhecidos, eu vos desejo particularmente um ano feliz, porque recebestes de Deus, para a vossa peregrinação terrena, um grande apoio no Espiritismo. A religião a todos veio trazer a fé, e bem-aventurados os que a conservaram. Infelizmente, ela está extinta num grande número; é por isso que Deus envia uma nova arma para combater a incredulidade, o orgulho e o egoísmo, que tomam proporções cada vez maiores. Essa arma nova é a comunicação com os Espíritos; por ela temos a fé, porque nos dá a certeza da vida da alma e nos permite lançar um olhar na outra vida; reconhecemos, assim, a vaidade da felicidade terrestre, e temos a solução das dificuldades que nos faziam duvidar de tudo, mesmo da existência de Deus.

Disse Jesus aos seus discípulos: “Muitas coisas teria ainda a vos dizer, mas não o poderíeis suportar.”  ( † ) Hoje, tendo a Humanidade progredido, pode compreendê-las. Eis por que Deus nos deu a ciência do Espiritismo, e a prova que a Humanidade está madura para esta ciência, é que esta ciência existe. É inútil negar e zombar, como outrora era inútil negar e zombar dos fatos adiantados por Copérnico e Galileu. Então esses fatos eram tão pouco conhecidos quanto o são agora os do mundo dos Espíritos. Como outrora, os primeiros opositores são os sábios, até o dia em que, vendo-se isolados, reconhecerão humildemente que as novas descobertas, como o vapor, a eletricidade e o magnetismo, que outrora eram desconhecidos, não são a última palavra das leis da Natureza. Serão responsáveis perante as gerações futuras por não terem acolhido a ciência nova como uma irmã das outras, e por tê-la repelido como loucura.

É verdade que ela não ensina nada de novo proclamando a vida da alma, pois o Cristo já falou dela; mas o Espiritismo levanta todas as dúvidas e lança uma nova luz sobre esta questão. Entretanto, guardemo-nos de considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo, e de os crer substituídos pelo Espiritismo; ao contrário, fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho, a fim de que nossa inteligência e nosso orgulho não nos desencaminhem. O Espiritismo nos ensina, antes de qualquer coisa, que “Sem o amor e a caridade, não há felicidade”, isto é, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos Apoiando-se nesta verdade cristã, ele abre o caminho para a realização desta palavra do Cristo: “Um só rebanho e um só pastor.” ( † )

Assim, pois, caros irmãos e irmãs espíritas, permiti que, aos meus votos pelo Ano-Novo, eu ainda junte esta prece: Que jamais abuseis do poder de comunicação com o mundo espiritual. Não esqueçamos que, conforme a lei sobre a qual repousam nossas relações com os Espíritos, os maus não estão excluídos das comunicações. Se é difícil constatar a identidade de um Espírito que não conhecemos, é fácil distinguir os bons dos maus. Estes podem ocultar-se sob a máscara da hipocrisia, mas um bom espírita sempre os reconhece; eis por que não devemos ocupar-nos dessas coisas levianamente, porque podemos nos tornar joguete de Espíritos maus, embora inteligentes, como por vezes são encontrados no mundo dos encarnados. Se compararmos nossas comunicações com as que são obtidas nas reuniões dos espíritas fervorosos e sinceros, logo saberemos reconhecer se estamos no bom caminho. Os Espíritos elevados se fazem reconhecer por sua linguagem, que é a mesma em toda parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana.

O meio de se preservar dos maus Espíritos é, primeiramente, fazer uma prece sincera a Deus; em segundo lugar, jamais empregar o Espiritismo para as coisas materiais. Os maus Espíritos estão sempre prontos a satisfazer todos os pedidos e, por vezes, se dizem coisas justas, geralmente enganam com intenção ou por ignorância, porque os Espíritos inferiores não sabem mais do que sabiam na sua existência terrestre. Os bons Espíritos, ao contrário, nos ajudam em nossos esforços a nos melhorarmos e nos dão a conhecer a vida espiritual, a fim de que possamos assimilá-la à nossa. Tal o objetivo para onde devem tender todos os espíritas sinceros.


Adolf, conde Poninski.

Leipzig, 1º de janeiro de 1868.


Abrir