O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IX — Junho de 1866.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.


Suspensão da assistência dos Espíritos.

(Douai,  †  13 de outubro de 1865.)

Num grupo modelo, que punha em prática os deveres espíritas, notava-se com surpresa que certos Espíritos de escol, frequentadores habituais, desde algum tempo se abstinham de dar instruções, o que motivou a seguinte pergunta:


P. – Por que os Espíritos elevados, que habitualmente nos assistem, comunicam-se mais raramente conosco?

Resposta. – Caros amigos, há duas causas para este abandono de que vos queixais. Em primeiro lugar não é um abandono; é apenas um afastamento momentâneo e necessário. Sois como escolares que, bem instruídos e bem dotados de repetições preliminares, são obrigados a fazer os seus deveres sem o concurso dos professores; buscam na memória; espreitam um sinal, espiam uma palavra de socorro: nada vem, nada deve vir.

Esperais nossos encorajamentos, nossos conselhos sobre a vossa conduta, sobre as vossas determinações: nada vos satisfaz, porque nada vos deve satisfazer. Fostes contemplados com ensinamentos sábios, afetuosos, encorajamentos frequentes, cheios de amenidade e de verdadeira sabedoria; tivestes inúmeras provas de nossa presença, da eficácia da nossa ajuda; a fé vos foi dada, comunicada; vós a tomastes, raciocinastes, adotastes; numa palavra, como o escolar, fostes dotados para o dever. É preciso fazê-lo sem erros, com os vossos próprios recursos, e não mais com o nosso concurso. Onde estaria o vosso mérito? Não poderíamos senão repetir incessantemente a mesma coisa. Cabe-vos agora aplicar o que vos ensinamos. É preciso voar com as próprias asas e marchar sozinho.

Em dado momento, Deus fornece uma arma e uma força a cada homem, a fim de que estes continuem a vencer novos perigos. O momento em que uma força nova se lhe revela é sempre para ele uma hora de alegria, de entusiasmo. Então a fé ardente aceita toda dor sem analisá-la, porque o amor não conta as penas; mas depois destas instantaneidades, que são a festa, é preciso o trabalho, e o trabalho só. A alma acalmou-se, o coração abrandou-se e eis que chegam a luta e a provação; eis o inimigo; é preciso aguentar o choque; é o momento decisivo. Então, que o amor vos transporte e vos faça desprezar a Terra! É preciso que o vosso coração fique vitorioso dos vis instintos do egoísmo e do abatimento; é a prova.

Desde muito tempo vos temos advertido que teríeis necessidade de estreitar os vossos laços, de vos unir, de vos fortalecer para a luta. O momento é chegado, e nele já estais. Como ireis sustentá-la? Nada mais podemos fazer, do mesmo modo que o professor não pode soprar a composição ao aluno. Ganhará o prêmio? Isto depende do proveito que tiver extraído das lições que recebeu. Assim é convosco. Possuis um código de instruções suficientes para vos conduzir até um determinado ponto. Lede novamente essas instruções, meditai-as e não peçais outras antes de as ter aplicado seriamente, pois só nós somos os juízes; e quando chegardes ao ponto em que elas forem insuficientes, em relação ao vosso progresso moral, nós bem saberemos dar-vos outras.

A segunda razão desta espécie de isolamento de que vos queixais é esta: muitos de vossos conselheiros simpáticos têm, junto a outros homens, missões análogas às que, de início, quiseram desempenhar junto a vós; e essa quantidade de evocações de que são objeto muitas vezes os desviam de serem assíduos em vosso grupo. Vossa amiga Madalena desempenha longe um mandato difícil, e suas solicitudes, estando junto a vós, alcançam também aqueles a quem ela se sacrifica para salvar. Mas todo o vosso mundo vos voltará; em dado momento reencontrareis os vossos amigos reunidos como outrora, no mesmo pensamento de simpático concurso junto aos seus protegidos. Aproveitai esse tempo para o vosso melhoramento, a fim de que, quando vierem, eles possam dizer: estamos contentes convosco.


Pamphile, n Espírito protetor.


Observação. – Esta comunicação é uma resposta aos que se queixam da uniformidade do ensino dos Espíritos. Se refletirmos no número de verdades que nos ensinaram, veremos que nos oferecem vastíssimo campo à meditação, até que as tenhamos assimilado e deduzido todas as suas aplicações. Que diriam de um doente que diariamente pedisse um novo remédio ao seu médico, sem seguir as suas prescrições? Se os Espíritos não nos ensinam novidades todos os dias, com o auxílio da chave que nos puseram nas mãos, e das leis que nos revelaram, por nós mesmos aprendemos novidades todos os dias, explicando o que, para nós, era inexplicável.



[1] [v. Pamphile.]


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