O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Janeiro de 1863.

(Idioma francês)

Carta sobre o Espiritismo.

(Extraída do Renard, jornal hebdomadário de Bordeaux,  †  de 1º de novembro de 1862.)

Ao Sr. Redator Chefe do Renard.


Senhor Redator,

Se o assunto aqui abordado não vos parece muito batido, nem tratado exaustivamente, peço-vos a inserção desta carta no próximo número de vosso estimado jornal:

Algumas palavras sobre o Espiritismo: É uma questão tão controversa e que hoje preocupa tantos espíritos que, tudo quanto possa escrever a respeito um homem leal e seriamente convicto, a ninguém parecerá ocioso ou ridículo.

“Não quero impor minhas convicções a ninguém; nem tenho idade, nem experiência, nem inteligência necessárias para ser um Mentor. Quero apenas dizer a todos os que, não conhecendo essa teoria senão de nome, estão dispostos a acolher o Espiritismo pela chacota ou por um desdém sistemático. Fazei como eu: tentai primeiro instruir-vos; depois tereis o direito de desdenhar e zombar.

“Há um mês, senhor redator, eu tinha somente uma vaga ideia do Espiritismo. Apenas sabia que esta descoberta ou esta utopia, para a qual foi inventada uma palavra nova, repousava sobre fatos, verdadeiros ou falsos, de tal modo sobrenaturais que eram, de antemão, rejeitados por todos os homens que não acreditam em nada que os impressiona, que nunca seguem um progresso senão a reboque de todo o seu século e que, novos São Tomés, só se deixam convencer quando tocam. Confesso que, como eles, eu estava disposto a rir dessa teoria e de seus adeptos. Mas antes de rir, quis saber do que ria e fui apresentado a uma sociedade de espíritas, em casa do Sr. E. B. Diga-se de passagem que ele me pareceu um espírito reto, sério e esclarecido, cheio de uma convicção bastante forte para deter o riso nos lábios de um gracejador de mau gosto. Porque, digam o que disserem, uma convicção sólida sempre se impõe.

“Ao fim da primeira sessão eu já não ria, mas ainda duvidava; e o que eu sentia era, sobretudo, um enorme desejo de instruir-me, uma impaciência febril de assistir a novas provas.

“Foi o que fiz ontem, senhor redator, e agora não mais duvido. Sem falar de algumas comunicações pessoais, dadas sobre coisas ignoradas tanto do médium quanto de todos os membros da sociedade, vi fatos para mim irrecusáveis.

“Sem fazer aqui — e compreendereis por quê — nenhuma reflexão sobre o grau de instrução ou de inteligência do médium, declaro que é impossível . a alguém que não seja um Bossuet ou um Pascal, responder imediatamente, de modo tão claro quanto possível, com uma velocidade por assim dizer mecânica, e em estilo conciso, elegante e correto, várias páginas sobre perguntas tais como esta: “Como conciliar o livre-arbítrio com a presciência divina?”; n isto é, sobre os mais árduos problemas da metafísica:

“Eis o que vi, senhor redator, e muitas coisas mais, que não mencionarei nesta carta; já muito longa. Escrevo isto; repito; a fim de inspirar, se possível, a alguns dos vossos leitores o desejo de instruir-se. Depois, como eu, talvez se convençam.”


Tibulle Lang,

antigo aluno da Escola Politécnica.



[1] [v. Teoria da presciência.]


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