O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano III — Dezembro de 1860.

(Idioma francês)

Aos assinantes da Revista Espírita.

(Sumário)

Três anos de existência devem ter sido suficientes para os leitores desta Revista conhecerem o pensamento que preside à sua redação. E a melhor prova de que tal pensamento tem a sua anuência está no constante aumento do número de assinantes, consideravelmente acrescido neste último período. Mas o que para nós é infinitamente mais precioso são os testemunhos de simpatia e de satisfação, que diariamente recebemos. Seu sufrágio é um encorajamento para prosseguirmos em nossa tarefa, trazendo ao nosso trabalho todos os melhoramentos cuja utilidade a experiência nos mostrar. Como no passado, continuaremos o estudo racional dos princípios da ciência do ponto de vista moral e filosófico, sem negligenciar os fatos; mas, quando citamos os fatos, não nos limitamos a uma simples narração, divertida, talvez, mas certamente estéril, se a eles não se junta a pesquisa das causas e a dedução das consequências. Por isso nos dirigimos às pessoas sérias, que não se contentam em ver, mas que, antes de tudo, querem compreender e dar-se conta do que veem. Aliás, a série dos fatos logo se esgota, se não quisermos cair nas repetições fastidiosas, porquanto todos giram mais ou menos no mesmo círculo e nada de novo ensinaríamos aos nossos leitores quando lhes disséssemos que em tal ou qual casa fazem as mesas girar mais ou menos bem. Para nós, os fatos têm outro caráter: não são histórias, mas temas de estudo; e os mais simples em aparência muitas vezes podem dar lugar às mais interessantes observações. É a mesma coisa que ocorre na ciência comum, em que um pezinho de erva encerra, para o observador, tantos mistérios quanto uma árvore gigante. Eis por que, nos fatos, consideramos muito mais o lado instrutivo que o divertido e nos prendemos aos que nos podem ensinar alguma coisa, independente de sua maior ou menor estranheza.

Apesar do número considerável de assuntos de que já temos tratado, estamos longe de haver esgotado a série de todos aqueles que se ligam ao Espiritismo, porque, quanto mais se avança nesta ciência, mais o horizonte se amplia… Os que nos restam por examinar fornecerão material por muito tempo ainda, sem contar as notícias mais recentes. Há muitas que adiamos propositadamente, a fim de somente abordá-las à medida que o estado dos conhecimentos permita compreender melhor o seu alcance. Assim, por exemplo, abrimos hoje maior espaço às dissertações espíritas espontâneas, porque as instruções que encerram, na maioria, podem ser muito mais bem apreciadas do que numa época em que apenas se conheciam os primeiros elementos da ciência; outrora, teriam sido julgadas apenas do ponto de vista literário, deixando passar despercebidos uma porção de pensamentos úteis e profundos, porque tratavam de pontos ainda desconhecidos ou mal compreendidos. A diversidade dos assuntos não exclui o método, e a desordem é apenas aparente, pois cada coisa tem seu lugar justificado. A variedade repousa o espírito, mas a ordem lógica auxilia a inteligência. O que nos esforçamos por evitar é fazer de nossa Revista uma coletânea indigesta. Certamente não temos a pretensão de fazer uma obra perfeita, mas esperamos, pelo menos, que seja levada em conta a nossa intenção.


Nota. – Aos senhores assinantes que, em 1861, não quiserem receber a Revista com atraso, rogamos a gentileza de renovarem sua assinatura antes de 1º de janeiro próximo.


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