O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano II — Maio de 1859.

(Idioma francês)

Mundos intermediários ou transitórios. n

Numa das respostas que foram dadas em nosso número anterior, vimos que haveria, ao que parece, mundos destinados aos Espíritos errantes. A ideia de tais mundos não se achava na mente de nenhum dos assistentes e ninguém nela teria pensado não fosse a revelação espontânea de Mozart, nova prova de que as comunicações espíritas podem ser independentes de qualquer opinião preconcebida. Visando aprofundar essa questão, nós a submetemos a um outro Espírito, fora da Sociedade e através de outro médium, que não lhe tinha nenhum conhecimento.


1. (A Santo Agostinho). Há, de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes?

Resposta. – Sim, mas eles são gradativos, isto é, entre os outros mundos ocupam posições intermédias, de acordo com a natureza dos Espíritos que a eles podem ter acesso e onde gozam de maior ou menor bem-estar.


2. Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los livremente?

Resposta. – Sim, os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, a fim de irem para onde devam ir. Figurai-os como bandos de aves que pousam numa ilha, para aí aguardarem que se lhes refaçam as forças, a fim de seguirem seu destino.


3. Enquanto permanecem nos mundos transitórios, os Espíritos progridem?

Resposta. – Certamente. Os que vão a tais mundos o fazem com o objetivo de se instruírem e de poderem mais facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores e chegar à perfeição que os eleitos atingem.


4. Pela sua natureza especial, os mundos transitórios conservam-se perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?

Resposta. – Não, a condição deles é meramente temporária.


5. Esses mundos são ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?

Resposta. – Não.


6. Têm uma constituição semelhante à dos outros planetas?

Resposta. – Sim, mas estéril é neles a superfície.


7. Por que essa esterilidade?

Resposta. – Os que os habitam de nada precisam.


8. É permanente essa esterilidade e decorre da natureza especial que apresentam?

Resposta. – Não; são estéreis transitoriamente.


9. Os mundos dessa categoria carecem então de belezas naturais?

Resposta. – A Natureza reflete as belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do aquilo a que dais o nome de belezas naturais.


10. Há desses mundos em nosso sistema planetário?

Resposta. – Não.


11. Sendo transitório o estado de semelhantes mundos, a Terra pertencerá algum dia ao número deles?

Resposta. – Já pertenceu.


12. Em que época?

Resposta. – Durante a sua formação.


Observação. – Mais uma vez esta comunicação confirma a grande verdade: nada é inútil em a Natureza; tudo tem um fim, uma destinação. Em lugar algum há o vazio; tudo é habitado, há vida em toda parte. Assim, durante a dilatada sucessão dos séculos que passaram antes do aparecimento do homem na Terra, durante os lentos períodos de transição que as camadas geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos se achavam em confusão, não havia ausência. de vida. Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá encontravam refúgio. Quis Deus que, mesmo assim, ainda imperfeita, a Terra servisse para alguma coisa. Quem ousaria afirmar que, entre os milhares de mundos que giram na imensidade, um só, um dos menores, perdido no seio da multidão infinita deles, goza do privilégio exclusivo de ser povoado? Qual então a utilidade dos demais? Tê-los-ia Deus feito unicamente para nos recrearem a vista? Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que esplende em todas as suas obras. Ninguém contestará que, nesta ideia da existência de mundos ainda impróprios para a vida material e, não obstante, já povoados de seres vivos apropriados a tal meio, há qualquer coisa de grande e sublime, em que talvez se encontre a solução de mais de um problema.



[1] N. do T.: Vide O Livro dos Espíritos. – Parte Segunda. – Capítulo VI: Mundos Transitórios.


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