O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano I — Novembro de 1858.

(Idioma francês)

Conversas familiares de além-túmulo.


Madame de Staël.

(Sumário)

Na sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, do dia 28 de setembro de 1858, o Espírito Madame de Staël, comunicou-se espontaneamente e sem ser chamado pela mão da senhorita E…, médium psicógrafo, ditando a página que se segue:


Viver é sofrer; sim, mas a esperança não acompanha o sofrimento? Não pôs Deus na mão dos infelizes maior dose de esperança? Criança, o pesar e a decepção acompanham o nascimento; mas à sua frente marcha a esperança, que diz: Avançai; o objetivo é a felicidade; Deus é clemente.

Por que – perguntam os Espíritos fortes – por que vir ensinar-nos uma nova religião, quando o Cristo estabeleceu as bases de uma caridade tão grandiosa, de uma felicidade tão verdadeira? Não é nossa intenção modificar o que ensinou o grande reformador. Não; vimos apenas reafirmar nossa consciência, aumentar nossas esperanças. Quanto mais o homem se civiliza, mais deveria ter confiança e mais necessidade temos ainda de o sustentar. Não pretendemos mudar a face do Universo, viemos ajudar a torná-lo melhor; e se neste século não viéssemos em auxílio do homem, seria ele muito infeliz, pela falta de confiança e de esperança. Sim, homem sábio, que ledes nos outros, que procurais conhecer o que pouco vos importa e afastais aquilo que vos interessa, abri os olhos e não desespereis; não digais que o nada pode ser possível quando, em vosso coração, deveríeis sentir o contrário. Vinde tomar assento nesta mesa e esperai, porquanto nela sereis instruído quanto ao vosso futuro e sereis feliz. Aqui há pão para todos: desenvolvereis vosso Espírito, alimentareis vosso corpo, acalmareis vossos sofrimentos e florireis a vida, embelezando-a de esperança, a fim de a tornardes mais suportável.

Staël. n


Observação. – O Espírito fazia alusão à mesa onde estavam os médiuns.


Questionai, e responderei às vossas perguntas.


1. Porque não prevíamos a vossa visita, não preparamos um assunto.

Resposta. – Sei perfeitamente que as perguntas particulares não podem ser respondidas por mim; porém, quantas coisas de caráter geral se podem perguntar, mesmo a uma mulher que teve um pouco de espírito e agora tem muito coração!


Nesse momento, uma senhora que assistia à sessão pareceu desfalecer; mas não passou de uma espécie de êxtase que, longe de ser penoso, foi-lhe muito agradável. Ofereceram-se para magnetizá-la; então, o Espírito Madame de Staël disse espontaneamente: Não; deixai-a em paz; é necessário que a influência exerça sua ação.” Depois, dirigindo-se àquela senhora: “Tende confiança, um coração vela junto de vós; deseja falar convosco; chegará o dia… não precipitemos as emoções.”

O Espírito que se comunicava por aquela senhora, e que era o de sua irmã, escreveu então espontaneamente: “Eu voltarei.”

Dirigindo-se novamente àquela senhora, Madame de Staël escreveu: “Uma palavra de consolação a um coração que sofre. Por que essas lágrimas de mulher para uma irmã? Essas incursões ao passado, quando todos os vossos pensamentos deveriam voltar-se para o futuro? Vosso coração sofre, vossa alma tem necessidade de expandir-se. Pois bem! Que essas lágrimas sejam de alívio, e não originadas pelos remorsos! Aquela que vos ama e por quem chorais é feliz e venturosa! Esperai reunir-vos a ela, um dia. Não a vedes; entretanto, para ela não existe separação, desde que está constantemente perto de vós.”


2. Poderíeis dizer-nos o que pensais atualmente de vossos escritos?

Resposta. – Uma só palavra vos esclarecerá. Se voltasse e pudesse recomeçar, modificaria dois terços e conservaria apenas um.


3. Consentiríeis em revelar as coisas que desaprovais?

Resposta. – Não é muita exigência, pois aquilo que não for justo outros escritores mudarão: fui masculina demais para uma mulher.


4. Qual era a causa primeira do caráter viril que demonstrastes quando vivias?

Resposta. – Isso depende da fase de nossa existência.


Na sessão seguinte, do dia 12 de outubro, dirigiram-lhe as seguintes perguntas através do Sr. D…, médium psicógrafo.


5. Outro dia viestes a nós espontaneamente, através da senhorita E… Que motivo vos levou a favorecer-nos com a vossa presença, sem que a tivéssemos evocado?

Resposta. – A simpatia que tenho por todos vós; é, ao mesmo tempo, o cumprimento de um dever que me é imposto em minha atual existência, ou melhor, em minha existência passageira, pois que sou chamada a reviver; aliás, é o destino de todos os Espíritos.


6. Preferis comparecer espontaneamente ou ser evocada?

Resposta. – Prefiro ser evocada, pois é uma prova de que pensam em mim; mas sabeis, também, que é agradável a um Espírito liberto poder conversar com o Espírito do homem; eis por que não vos deveis admirar de me terdes visto chegar tão repentinamente até vós.


7. Haverá vantagem em evocar os Espíritos, em vez de esperar que venham quando quiserem?

Resposta. – Ao evocá-los tendes em mira um objetivo; deixando que venham espontaneamente, correis o risco de obter comunicações imperfeitas sob muitos aspectos, porque os maus vêm tão bem quanto os bons.


8. Já vos comunicastes em outros círculos?

Resposta. – Sim; mas têm-me feito comparecer mais do que eu gostaria; quer dizer, frequentemente tomam meu nome.


9. Teríeis a bondade de retornar algumas vezes e ditar-nos alguns de vossos belos pensamentos? Teríamos prazer em reproduzi-los, com vistas à instrução geral.

Resposta. – De boa vontade; venho com prazer junto àqueles que trabalham com seriedade para se instruírem. Minha vinda outro dia é uma prova disto.



[1] [v. Staël.]


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